Artigo


Demonização dos servidores


Publicado 05 de setembro de 2020 às 07:00     Por José Medrado*     Foto Arquivo Pessoal

Antes da abordagem da semana, quero registrar minha alegria e satisfação para escrever aos leitores de Sergipe, em especial de Aracaju que anualmente – antes da pandemia – vou a convite do Prosebem [Pronto Socorro Espiritual Bezerra de Menezes], fazer palestra no teatro Atheneu, sempre acolhido com muito carinho e amizade.

Pois bem, mais uma vez vemos o plantonista do Governo Federal lançando a sociedade contra os servidores públicos, em geral. É fato, claro, que em todos os segmentos têm os comprometidos com a seriedade, honradez e os que se encostam, desviam condutas e comportamentos, porém o que sempre se faz é exatamente lançar pechas de oportunistas, ineficientes e incapazes aos servidores. De logo, fui servidor federal durantes 37 anos, hoje apostado, e tive o meu acesso por árduo concurso, diga-se, forma democrática, aberta a qualquer um. Verificamos, em outro lado, que os grandes “encostados” são, em geral, os de livre nomeação, em cargo político de confiança que, não raro, segue a lógica da amizade e de outros interesses, nem sempre confessados.

Há pontos, assim, na tal reforma administrativa que demandarão esclarecimentos do governo, mesmo sabendo que só valerá para os novos que entrarem: Quais os servidores públicos que têm férias de 60 dias, ressalvados, promotores e juízes que, por sinal, estão fora da reforma, como os parlamentares? Os servidores de carreira não têm este privilégio. A população sabe que os servidores aposentados continuam pagando previdência? Pois é, não deixamos de pagar mesmo aposentados. A questão da estabilidade guarda a sua lógica na blindagem de governantes, por exemplo, que queiram perseguir funcionários que não coloquem em prática seus devaneios de momento.

Cria-se então maior observância da avaliação desempenho – já que ele existe no estágio probatório e não é realmente observado durante a carreira, apesar de existir. Preocupante, no entanto, quando se lança mão deste argumento para deslocar os que não atendem à vontade do gestor. Lembremos: o presidente Bolsonaro estava querendo mudar a direção da Polícia Federal do Rio de Janeiro e justificou se apoiando na questão de desempenho, porém a própria instituição demonstrou que era a das mais produtivas do Brasil. Recentemente, um tal relatório, dossiê…seja que nome for, que trazia levantamento de nomes de funcionários de grupo antifascista veio à tona. Ora, e a tal liberdade de expressão? Não ao vandalismos, a lei sobre os vândalos, mas o que é ser fascista? Não é bom ser anti ele?

Poderíamos levantar aqui inúmeros outros casos, mesmo sabendo que há necessidades de reparos, sim. O contribuinte precisa ser bem atendido, respeitado em seus direitos, buscar mecanismos de prevalência destes direitos – deveres dos servidores, mas os funcionários públicos não são os absolutos responsáveis por todos os desalinhos que há nas administrações públicas. Mania de se querer demonizar o servidor público e colocar a sociedade contra todos.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio e escreve para o AjuNews aos sábados.



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