Artigo


Valorização da vida


Publicado 13 de setembro de 2020 às 10:12     Por José Medrado*     Foto Arquivo Pessoal

O setembro se tornou amarelo por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria. Tudo tristemente motivado porque em 1994, um jovem americano de apenas 17 anos, chamado Mike Emme, tirou a própria vida em seu mustang 1968 amarelo. Seus amigos e familiares durante o seu funeral distribuíram cartões com fitas amarelas e mensagens de alerta para as pessoas que, porventura, estivessem passando por algum problema gerador de grande tristeza.

As estatísticas são desalentadoras e precisamos nos mobilizar, pois uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde tem sido exatamente o suicídio. Imaginemos que a cada 40 segundo uma pessoa comete a auto morte. As questões para se tirar a própria vida é multifatorial, porém estudos realizados pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) remetem que 17% dos brasileiros, em algum momento, já pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, infelizmente, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Esse estudo também traz à luz a necessidade de se quebrar o tabu que ainda existe sobre o não querer falar sobre essas questões. Não. É preciso falar, sim, e abertamente sobre o assunto, considerando que muitos que se mantêm em silêncio já pensaram em tal possibilidade e sequer foram notados; imaginemos como alguém que pensa em tal fim se sente? Ou mesmo percebendo alguém dando sinal, falando sobre a possibilidade, perguntar se pode ajudar, o que está acontecendo?

O CVV (Centro de Valorização da Vida), tem tido inestimável trabalho de apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone (188), e-mail, chat e pessoalmente. O atendimento é voluntário, gratuito e absolutamente sigiloso.

Infelizmente, ainda existe uma falta de sensibilidade monumental por parte de muitas pessoas, que desconsideram àquelas que dizem que perderam o sentido da vida,chegam mesmo ao absurdo de dizerem que “quem se matar, não falar, faz”. Estupidez. É preciso atenção ao seguinte perfil suicida, em geral: um indivíduo começa a se isolar, e se desinteressar pelo que antes lhe dava muito prazer e satisfação; altera hábito de sono e de apetite, tornando-se excessivamente arredio, sensível e esquivo a conversar sobre seus problemas. Em geral, são sinalizações do perfil, não, necessariamente, que esteja propenso ao suicídio por essas questões, porém quando insere ao comportamento a narrativa tipo “o mundo estaria melhor sem mim”, “eu não aguento mais” ou ainda “a vida não vale a pena”, a ideação suicida já pode está instalada. É fundamental a mobilização de familiares e amigos na busca de um médico psiquiatra, que poderá intervir no processo, evitando o seu agravamento.

Nunca duvide de alguém que pode estar falando em suicídio, pois a sua desconsideração poderá exatamente ser o gatilho que esta pessoa esperava para consumar a sua ideação.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio e escreve para o AjuNews.



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