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O poder cabisbaixo


Publicado 03 de outubro de 2020 às 09:21     Por José Medrado*     Foto Divulgação

E lá seguia ele, visivelmente abatido, mas precisava caminhar até o helicóptero, inclusive por questões que não apenas estariam ligadas ao seu negacionismo pessoal, mas a uma visão planetária de que o coronavírus havia invadido o homem mais “protegido” e poderoso do mundo. Freud ao estruturar e criar a Psicanálise define a negação como um dos mecanismo de defesa do ego, surgindo como escolha de negar a realidade, como forma de fugir de alguma verdade que gere desconforto.

A verdade é que todos nós, em algum momento da nossa vida, já tivemos algum pensamento negacionista, seja rejeitando um diagnóstico desfavorável, seja não acreditando na traição de algum amor, seja não considerando algum óbvio ululante à nossa frente, porém esta negação se torna grandemente perigosa quando se trata de líderes (em qualquer área) que influenciem milhões diante de questões de saúde pública.

Certamente, nos Estados Unidos como aqui no Brasil e em qualquer lugar do mundo esses líderes viram os seus projetos de governo (poder) ruir, em parte, em razão do mundo literalmente parar, pela invasão do inimigo invisível. Acredito que em algum momento esses líderes pensaram: “Não. Agora não. É a minha vez”. Grande desconforto surgiu, logo a necessidade de se proteger, de ignorar a realidade. Mas o vírus não escolhe quem tenha poder ou vive arrebote da sociedade, ele se aproveita dos descuidos. É, todavia, correto dizer que os mais desvatados serão os sem recursos, como têm sido.

Assim, o líder e referência dos negacionistas mundiais seguiu passo a passo para um helicóptero, na direção do maior hospital militar do mundo, a fim de lutar contra o inimigo que foi até ridicularizado, mas que empreitava nas trincheiras dos descuidos e até mesmo da irresponsabilidade o momento para se fazer presente e gerar uma espécie de “abaixe a cabeça”, “você pode muito, mas não pode tudo”.

Que Donald Trump e sua esposa se recuperem rapidamente, e aprenda que homem de aço só existe na ficção, que aqui na planície da vida, poderemos até está em platôs diferentes por questões das mais variadas, porém, no apagar das luzes, somos todos humanos, sujeitos às nossas condições.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio e escreve para o AjuNews aos sábados.



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