Política


Após derrotas, Bolsonaro não quer se envolver no segundo turno das eleições; diz site


Publicado 24 de novembro de 2020 às 07:40     Por Fernanda Sales     Foto Antonio Cruz/Agência Brasil

Após o resultado negativo do primeiro turno das eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende não se envolver na disputa nesta fase final. A cinco dias do segundo turno, ele admitiu a aliados ter se decepcionado com a postura de alguns candidatos durante a campanha eleitoral e afirmou já ter cumprido seu papel ao pedir votos nas transmissões ao vivo para 58 concorrentes na fase inicial do pleito. As informações são do jornal O Globo.

De acordo com a publicação, o chefe do Executivo contou aos aliados que se desgastou apoiando candidatos que, na visão dele, pouco trabalharam para melhorar o desempenho pífio que vinham tendo durante a campanha. O presidente afirmou que muitos dos apoiados acreditaram que bastava apenas ter seu respaldo para elevar suas intenções de votos nas cidades, o que não aconteceu. E a derrota deles foi interpretada, então, como fracasso do presidente.

O presidente foi alertado por interlocutores de que o cenário de derrotas desgastaria sua imagem e poderia demonstrar fraqueza. Por outro lado, alguns aliados defendiam usar a campanha municipal como “termômetro” para 2022, quando Bolsonaro pretende se lançar à reeleição. Por isso, o chefe do Executivo decidiu se arriscar e ajudar candidatos que o ajudaram na campanha de 2018, além de outros indicados pelos seus assessores, secretários e ministros.

No primeiro turno, o presidente pediu voto para 13 candidatos, mas só dois deles foram eleitos: Gustavo Nunes (PSL), em Ipatinga (MG), e Mão Santa (DEM), em Parnaíba (PB). Outros nove ficaram pelo caminho e apenas dois conseguiram avançar para a reta final da campanha: Marcello Crivella (Republicanos), no Rio, e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza (CE). Os dois, porém, estão agora atrás nas pesquisas de Eduardo Paes (DEM) e José Sarto (PDT), respectivamente.

“Não” a Crivella
Aconselhado por aliados, Bolsonaro não deve gravar mais vídeos para nenhum aliado, nem mesmo o prefeito Marcelo Crivella, que na semana passada esteve em Brasília lhe pedindo para participar de eventos de rua.
Segundo a publicação, Bolsonaro recusou o pedido para fazer campanha junto com o prefeito e também declinou de fazer novas gravações para o horário eleitoral. Bolsonaro disse a interlocutores que “já deu sua contribuição” para a campanha do prefeito. Aliados avaliam que o prefeito ter chegado ao segundo turno foi um dos poucos pontos positivos da participação do presidente nas eleições municipais, mas que agora seria um equívoco entrar na campanha diante da grande vantagem de Paes.

Nesta segunda-feira (23), o presidente afirmou que março de 2021 é o prazo limite para conseguir viabilizar o Aliança pelo Brasil. Caso não consiga formar o partido, lançado em novembro do ano passado, quando ele se desfiliou do PSL, Bolsonaro disse que “vai ter uma nova opção”. Mais de um ano depois, a legenda não conseguiu reunir nem 10% das 492 mil assinaturas necessárias para o registro da legenda junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na análise dos aliados do presidente, segundo o jornal, o resultado do pleito mostra que há desorganização na sua base, o que seria fruto, em parte, de ele não estar filiado a nenhum partido. Legendas que integram o Centrão e que estão alinhadas ao governo, como PP, PR e Republicanos, estão entre as opções para abrigar Bolsonaro caso o plano de se filiar ao Aliança fracasse. Uma volta ao PSL também já foi citada pelo presidente como alternativa.

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