Cidades


Saída para o desemprego: Sergipe tem cerca de 10 mil motoristas de aplicativo


Publicado 07 de fevereiro de 2020 às 05:00     Por Larissa Barros     Foto Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Durante o período de recessão econômica em 2014, trabalhos considerados autônomos e informais cresceram. Neste cenário, uma atividade que desponta como uma saída para a falta de trabalho é fazer transporte de passageiros por meio de aplicativo. Somente no estado de Sergipe existem quase 10 mil motoristas por aplicativos. Os dados foram repassados ao AjuNews pela Associação Sergipana dos Motoristas Autônomos por Aplicativos (ASMAA).

De acordo com a ASMAA, até dezembro do ano passado, contabilizaram quase 16 mil motoristas rodando no estado de Sergipe. A empresa 99 é a segunda mais procurada, e possuía 8 mil colaboradores, Indrive 3100, e Vixjobs 1000. Segundo o presidente da entidade, Josean Santos, a categoria vem evoluindo muito bem, mas ele reclama que não tem os mesmos benefícios dos taxistas. Ele afirmou também que o projeto de lei que tramita no Senado e estende a isenção tributária – até o momento garantida apenas à taxista-, aos motoristas de aplicativos é vista com “bons olhos”.

Alguns usuários do transporte de aplicativos em Aracaju, afirmaram para reportagem, que preferem chamar um carro através do celular, do que pegar um ônibus coletivo, devido ao medo de assalto, e a qualidade do serviço. Para o motorista Helenilson, ser um trabalhador autônomo “é uma boa forma de se manter hoje em dia”, pois para ele o aplicativo veio para tirar algumas pessoas do desemprego, e ajudar com uma renda extra no fim do mês, mesmo trabalhando com carros alugados.

Violência
Mas, os motoristas que trabalham dessa forma relatam que apesar da flexibilidade, as dificuldades da profissão são pertinentes. Durante uma entrevista ao site, o motorista de Uber, José Anselmo, disse que a violência é um dos principais receios de trabalhar dessa forma.

Para Josean, os  motoristas relatam cerca de um assalto por dia. No início de fevereiro já foram notificados dois casos de sequestro, e três de roubo. O caso registrado na última terça-feira (04), o motorista, de 32 anos de idade foi sequestrado por dois homens durante um assalto em Nossa Senhora do Socorro, na Grande Aracaju. Ele ainda está internado em estado grave no Hospital de Urgência de Sergipe, e nenhum dos suspeitos não foram presos.

O AjuNews procurou a Uber e a 99 para saber como elas fazem para garantir a segurança dos seus colaboradores. A 99, informou que todos “o aplicativo faz é um mapeamento de áreas de risco e envia aos motoristas notificações quando a começa começa ou termina nelas”. De acordo com a empresa, o levantamento é feito utilizando estatísticas internas e dados externos das Secretarias de Segurança Pública. As áreas são dinâmicas, e o motorista pode escolher cancelar as corridas caso o alerta apareça.

A Uber não se pronunciou, mas declara no site que possui uma equipe que verifica o cadastro dos usuários, registra de viagens por GPS, e assim como o 99, possui serviço de compartilhamento de rotas e atendimento 24 h.

Economia
O sistema de remuneração das viagens também é um questionamento frequente dos motoristas. Durante uma entrevista ao AjuNews, o motorista José Anselmo, disse que uma das maiores dificuldades na profissão é a remuneração das viagens.  De acordo com ele, “o aumento dos combustíveis, manutenção, e a crescente diminuição dos preços das corridas, faz com que cada dia fique mais barato. Com isso o app tira a porcentagem dele e o motorista cada fica com a parcela menor para cobrir o seu custo operacional”.

O valor destinado aos colaboradores parte de um cálculo da distância, e da porcentagem cobrada, e para conseguirem tirar um bom lucro, é necessário trabalhar durante muitas horas. “Eu trabalho em média 8 horas por dia. Só trabalho pelo dia normalmente das 6 às 16 h. Faço uma média de 40 horas semanais. E durante o dia faço de 15 a 20 corridas”, declarou Helenilson. Apesar das dificuldades os motoristas afirmam que trabalhar com transporte por aplicativo continua sendo uma das únicas opções para sair do desemprego.



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