Economia


Pesquisador projeta elevado desemprego e alta taxa de informalidade em Sergipe neste ano


Publicado 01 de maio de 2021 às 07:40     Por Fernanda Souto     Foto Arquivo/ Agência Brasil

Após mais de um ano de pandemia da covid-19, a economia sergipana ainda não se reergueu e não possui indicadores de melhora para este ano, conforme afirmou ao AjuNews o pesquisador e professor do Departamento de Estatística e Ciências Atuariais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Kleber Oliveira. “A projeção para 2021 é de um cenário bastante grave de elevado desemprego com aumento na taxa de informalidade”, projetou.

“O cenário que a gente observa para Sergipe é que 2021 será um ano ainda de graves dificuldades, não haverá recuperação importante, depende muito do movimento da pandemia, mas a tendência é que as dificuldades ainda, por incrível que pareça, continuem aumentando”, afirmou.

Segundo o docente, antes mesmo da pandemia, Sergipe já havia indicadores de dificuldades econômicas. Em 2019, o estado registrou 15% de taxa de informalidade —trabalho informal— e caiu para 13% após as festas de natal e réveillon. “Mas, por conta da pandemia, nós atingimos 20% de taxa de ocupação em dezembro de 2020”, frisou.

“A gente tem hoje em Sergipe cerca de 200 mil pessoas desocupadas e 560 mil pessoas no mercado de trabalho informal. Temos hoje cerca de 850 mil pessoas que ou não estão trabalhando ou estão ocupadas no setor informal. Isso implica em vários aspectos negativos para a vida das pessoas”, acrescentou Kleber.

À reportagem, o professor ainda alegou que uma das medidas que deveriam ser tomadas no estado é a facilitação de acesso a crédito aos empreendedores sergipanos. Além disso, ele também sugeriu que haja um planejamento ativo em Sergipe para evitar o desemprego. “Se a gente quer um 2022 bom, tem que preparar o terreno já em 2021”.

Uma das medidas adotadas pelo governo federal para amenizar as consequências da pandemia nos empregos foi a oferta do auxílio emergencial. Anteriormente no valor de R$ 600 e R$ 200, agora o benefício é pago em parcelas entre R$150 a R$ 375.

Em Sergipe, o governador Belivaldo Chagas (PSD) liberou pelo Banese linhas de crédito aos setores afetados pelas restrições adotadas contra a covid-19. No entanto, nem todos setores econômicos puderam receber a ajuda e muitos chegaram a fechar as portas.

Afetados
A vendedora Patrícia Batista, 40 anos, que possui uma loja no conjunto Orlando Dantas, na Zona Sul de Aracaju, é uma dos microempreendedores sergipanos que não teve acesso à linha de crédito e, consequentemente, em meio às dificuldades, já teve que fechar seu negócio temporariamente.

Ao site, ela afirmou que chegou a receber parcelas do auxílio emergencial, mas alegou que não foi suficiente. “Duzentos e pouco não dá para manter uma família durante um mês de forma alguma, não tem como”, criticou. De tal forma, sem venda e renda, a alternativa para ela, assim como para outros brasileiros, foi optar por vendas online.

“Eu enfrentei dificuldades no meu negócio com a falta de movimento e de venda, então não entrava dinheiro, não tinha lucro. Eu tive que parar, tive que fechar as portas, então eu fiquei me virando em casa mesmo, tentei vender online”, relatou.

Assim como Patrícia, a doméstica Jakeline Gonçalves, 39 anos, moradora de Poço Verde, no Agreste Sergipano, enfrentou dificuldades para trabalhar durante a pandemia. Segundo ela, o ritmo de trabalho foi diminuído, pois os patrões temiam o contágio pela covid-19.

“Eu peguei a covid e fiquei um tempo sem trabalhar e agora para você se reerguer, procurar um novo emprego para trabalhar, demora porque as pessoas não estão acostumadas com isso. Ainda estão em choque por causa dessa doença. Mas graças a Deus eu consegui melhorar e consegui arrumar um trabalho”, disse Jakeline.

Em contrapartida, mesmo diante das dificuldades, alguns empreendedores conseguem se manter e até mesmo melhorar seus negócios na pandemia com outras formas de venda. Este é o caso do vendedor ambulante Givaldo Pinheiro, 26 anos, morador de Nossa Senhora da Glória, no Sertão Sergipano.

“Meu caso não teve dificuldade, usei isso ao meu favor. Antes da pandemia, eu estava em uma fase bem crítica, meu negócio estava em falência. Eu tive um prejuízo de quase R$ 100 mil. Eu estava sem saída nenhuma. Aí quando fecharam as lojas, eu usei isso a meu favor, saí vendendo como ambulante, de porta em porta”, afirmou ao site.

Conforme atestam os números divulgados pelo Ministério da Economia, com base nos meses decorrentes de fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021, com a crise provocada pela pandemia, as dificuldades de recuperação dos postos de trabalho no mercado sergipano ainda são visíveis. Diante disso, é crucial a oferta de auxílio para todos setores econômicos, desde pequenos empreendedores como Patrícia, Givaldo e até mesmo Jakeline, até outros setores para evitar um rombo ainda maior na economia do estado.

 



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