Política


Alessandro Vieira sobre impeachment de Bolsonaro: ‘não pode ser um desejo político de alguém’


Publicado 26 de janeiro de 2021 às 10:00     Por Fernanda Sales     Foto Waldemir Barreto / Agência Senado

O senador sergipano Alessandro Vieira (Cidadania) afirmou que a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) só vai acontecer se for “efetivamente necessário”, mas que “não pode ser de forma alguma um desejo político de alguém”. A declaração foi feita em entrevista na Jovem Pan nesta terça-feira (26). Segundo ele, um impeachment acontece como consequência de uma série de atos, entretanto “todo mundo que está como presidente está sujeito a um eventual processo”.

Durante a entrevista, o senador foi indagado se o impeachment criaria uma situação pior para o Brasil, uma agravação da crise financeira. “O impeachment depende de uma série de variáveis. A gente já enfrentou esse processo e a gente sabe que foi positivo, o afastamento de Fernando Collor e da Dilma. O Brasil é um país grande, tem instituições fortes e tem toda condição de superar esse tipo de problema, agora só vai acontecer se for efetivamente necessário, não pode ser de forma alguma um desejo político de alguém ou um projeto pessoal. Isso não pode acontecer”, explicou.

“Acredito que impeachment vem como consequência de uma série de atos. Se a gente for avaliar o impeachment de Fernando Collor e da Dilma Rousseff, além de fatos concretos que viabilizam o processo, você tem todo o ambiente político. E esse ambiente ainda não existe, ainda não tem uma rejeição ao governo, uma identificação por parte da sociedade que o presidente é culpado, é responsável pelos maus resultados do governo. A gente vai ter que acompanhar isso. O fato é que todo mundo que está como presidente está sujeito a um eventual processo”, afirmou o parlamentar.

Questionado se há clima no Congresso para discutir o impeachment, Alessandro opinou que “não tem clima na sociedade. O Congresso reflete a sociedade e você tem um percentual significativo de brasileiros que continuam apoiando Jair Bolsonaro, apesar dos erros. Isso tem que ser respeitado e levado em consideração”, disse.

Outra pergunta sobre o impeachment de Bolsonaro é se o processo de abertura é um projeto de vingança do PT. Sobre o assunto, o senador respondeu: “O PT está com Bolsonaro na eleição do senado, então não vejo nada nesse sentido. Acho que as pessoas têm que deixar um pouco de lado essa coisa de PT, de imaginar que essa turma está numa posição para fazer gracinha, mas na realidade você tem uma turma que é do centrão e que vem se aproximando de Bolsonaro”.

Enem
Alessandro também falou sobre o requerimento que apresentou convocando o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, para prestar esclarecimentos sobre graves falhas da pasta no planejamento e na logística o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2020.

“Tem falhas desde a execução até a questão da abstenção, que foi acima de 55% e é preciso identificar o vai ser feito desses jovens, que estão fora do ritmo acadêmico, depois de passar um ano fora da escola. O ministro da Educação tem se mostrado profundamente omisso. O Brasil continua sem nenhum projeto para a educação, que é o único caminho para desenvolver o país e é um setor que está abandonado pelo governo federal”, disse ele, acrescentando que não obteve resposta do ministério até o momento e que vai discutir a situação na retomada dos trabalhos no Senado.

Prefeitos “fura fila”
O parlamentar também lamentou a atitude de prefeitos sergipanos que ‘furaram a fila’ na vacinação contra a covid-19 e se vacinaram sem ser do grupo prioritário. “É lamentável essa situação. Não é hora de ter esse tipo de abuso, não é hora de ter esse tipo de situação na tentativa de ter uma vantagem. E aqueles que praticaram esse tipo de ato, a gente espera que seja durante punidos pela justiça”, finalizou.

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