Saúde


Em livro, Mandetta diz que alertou sobre 180 mil mortes por covid-19 e revela que Onix gravava deputados


Publicado 25 de setembro de 2020 às 10:00     Por Roberta Cesar     Foto Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, afirmou que alertou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a estimativa de chegar a 180 mil mortes por covid-19. Além disso, Mandetta acusou o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, de gravar deputados durante uma reunião na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). As informações foram publicadas pelo Estadão, nesta sexta-feira (25).

Segundo Mandetta, Onyx lhe mostrou a gravação feita durante a reunião com os parlamentares. Na época, o ministro era deputado e estava sendo pressionado por parlamentares para alterar o texto original do projeto “10 medidas contra a corrupção”, e era este o teor das conversas supostamente gravadas. Na ocasião, Onyx teria dito que se a pressão continuasse iria vazar a gravação para a imprensa.

As declarações estão detalhadas em seu livro “Um paciente chamado Brasil”, que será lançado nesta sexta-feira (25). Na obra, Mandetta relata em primeira pessoa seus últimos 87 dias no comando da pasta. O ex-ministro afirma que Bolsonaro assumiu uma postura negacionista em relação a pandemia do novo coronavírus no país.

Segundo o ex-ministro, o livro foi escrito durante a quarentena de seis meses imposta a ministros que saíram do governo, “para que as pessoas entendam que, por mais bem-intencionadas que sejam seus trabalhos, a política é necessária”. O alvo principal das críticas é Bolsonaro, descrito como alguém em negação ao agravamento da doença. “Primeiro ele negou a gravidade da covid-19, falando que era só uma ‘gripezinha’. Depois ficou com raiva do médico, ou seja, de mim. Depois partiu para o milagre, que é acreditar na cloroquina ”, ressalta.

Mandetta destaca que, antes mesmo do primeiro caso ser confirmado no Brasil, tentou várias vezes apresentar para o presidente dados, projeções e medidas de prevenção. Mas, de acordo com o ex-ministro, Bolsonaro “sempre arranjava um jeito de não participar”. Ele ainda afirmou que durante as reuniões ministeriais, não tinha espaço para falar.



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