Turismo


Secretário do Turismo diz que Sergipe ainda não possui estimativa de prejuízo sem festejos juninos pelo segundo ano consecutivo


Publicado 23 de junho de 2021 às 08:02     Por Fernanda Souto     Foto Arquivo pessoal

O governo de Sergipe ainda não possui estimativas do prejuízo para a economia do estado, em 2021, sem os festejos juninos pelo segundo ano consecutivo. Foi o que afirmou em entrevista ao AjuNews o secretário de Turismo, Salles Neto. Segundo ele, todas as 54 atividades econômicas locais do setor tiveram grandes impactos diante das restrições para evitar o contágio pelo novo coronavírus (covid-19).

Ao site, Salles explicou que todas as áreas do turismo são afetadas. “Desde um vendedor de picolé, de queijo coalho na praia, de amendoim, até o taxista, o garçom, o dono de bar e restaurante”. Vendedores de fogos de artifício, por exemplo, relataram sobre os prejuízos após a proibição de venda no mês de junho em Sergipe. Gestões tomam a medida considerando que a soltura de fogos pode gerar uma demanda por atendimento médico em hospitais.

Questionado sobre as medidas que teriam sido tomadas neste ano para reverter o quadro econômico, Salles alegou que “não adianta você se preparar e não ter condições de receber o turismo”. De acordo com o secretário, os números alarmantes de casos, internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mortes em decorrência da covid-19 é o principal empecilho para buscar alternativas no setor para uma retomada na economia.

Apesar disso, o chefe da pasta do setor alegou que o governo estadual já tomou, desde o início da pandemia, estratégias que visam a retomada econômica do estado na próxima estação de verão. À reportagem ele ainda relatou sobre acordos com linhas aéreas, operadoras de outros estados e linhas de créditos ofertadas sem cobrança de juros para os empreendedores de Sergipe.

Leia entrevista na íntegra:
AjuNews: Pelo segundo ano consecutivo não teremos os tradicionais festejos juninos em Sergipe. Na avaliação da secretaria quais serão os setores mais afetados?
Salles: O turismo como um todo. São 54 atividades econômicas envolvidas na cadeia, desde um vendedor de picolé, de queijo coalho na praia, de amendoim, até o taxista, o garçom, o dono de bar e restaurante, enfim. Toda uma cadeia que vem sendo prejudicada muito fortemente pela pandemia desde que se iniciou os processos de restrição de circulação no Brasil. Aliás, não apenas no Brasil, no mundo todo. Nós vimos pela televisão os destinos consagrados mundialmente na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia e até aqui no Brasil, todos estão vazios por conta das restrições ocasionadas pela pandemia. Então é algo que realmente afeta muito fortemente a economia do Turismo como um todo. A economia do Turismo em Sergipe em períodos de não pandemia movimenta anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão na economia. E desde que começou a pandemia ela vem realmente impactando negativamente nesse sentido.

AjuNews: Qual a estimativa do prejuízo que o cancelamento das festas de São João trará para o estado neste ano?
Salles: Eu não tenho essa estimativa, eu não tenho em termos financeiros eu não saberia lhe responder essa pergunta, porque não há, pelo menos não no governo do estado, uma estatística que faça esse cálculo.

AjuNews: Quais estratégias o governo elaborou para reverter a possível situação de crise uma vez que manter empregos é importante para a geração de receita aos cofres públicos?
Salles: Desde o início da pandemia o governo tem dialogado com o setor produtivo local em busca de alternativas para esse momento difícil. Lá atrás nós chegamos a fazer com a Deso o pedido dos hotéis para um cálculo diferenciado para hotelaria que deixou de ser de por unidade habitacional para o empreendimento como um todo. Foi um pedido do setor hoteleiro. Nós estamos com as companhias aéreas diminuindo ICMS querosene de aviação para manter os voos e até ampliar, vamos renovar agora no mês de junho esse convênio do Governo do Estado com as companhias aéreas. Fazendo acordos operacionais com operadoras importantes, a exemplo da mídia compartilhada, nós estamos fazendo com a BH local, para que a BH faça um repasse de recurso e possa fazer um convênio com a CVC. Fizemos convênio com a Decolar, que é a maior plataforma de compra de pacotes turísticos do mundo. Estamos fazendo também um convênio com Azul Viagens, a partir do próximo mês de agosto. O Governo do Estado disponibilizou linhas de crédito com taxas especiais pelo Banese a todo setor produtivo, incluindo os da área de turismo, inclusive as linhas de fungetur, que é um recurso que está sendo disponibilizado também pelo Banese para os empreendedores da área do Turismo. A Secretaria da Fazenda, além das diversas iniciativas para tentar diminuir os efeitos da pandemia no setor produtivo como um todo, recentemente , colocou um parcelamento de 18 vezes para bares e restaurantes do ICMS. Enfim, o governo vem fazendo a sua parte e investindo em infraestrutura nas rodovias do nosso Estado para quando a pandemia diminuir os turistas que vierem por via rodoviária poder trafegar em rodovias em bom estado. Vamos ampliar isso, o governo do estado vai ampliar os projetos de rodovias esse ano e no próximo e estamos planejando as ações promocionais de retomada para a próxima alta estação.

AjuNews: Com a parceria anunciada no início deste ano com a companhia aérea Gol, quais efeitos positivos em curto, médio e longo prazo para o estado?
Salles: Não foi só com a Gol, foi com a Azul e Latam também, esse convênio que diminuiu o ICMS do Querosene de aviação, ele permite que as companhias mantenham seus voos para Sergipe e amplie. As informações que chegam das companhias aéreas é de que no segundo semestre, a partir de outubro, vai ter um aquecimento. Já tem uma demanda de procura para um aquecimento de vendas de passagens aéreas para Aracaju, é o que já demonstra que podemos ter aí uma alta temporada, um Verão 2021 e 2022 de recuperação. É isso que nós esperamos, se a pandemia der uma trégua, se a vacinação continuar com o ritmo que possa imunizar boa parte da população, nós temos certeza que se tudo isso acontecer as pessoas estão abertas para viajar e que Sergipe ficará também dentro do roteiro das pessoas e nos tornaremos aí um destino bastante procurado, por que somos um destino que tem tudo a ver com pós pandemia os nossos principais destinos eles são encontrados na natureza, ao ar livre, não geram aglomeração e as pessoas vão procurar muito isso.

AjuNews: Tendo experiência do passado, existe alguma projeção de melhora no setor durante o período junino deste ano mesmo com a pandemia da covid-19, uma vez que o governo teve tempo para se preparar?
Salles: Não se trata de ter tempo ou não para se preparar, a questão é que nós estamos vivendo no auge da pandemia. Então não adianta você se preparar e você não tem condições de receber o turismo, porque a gente tá vivendo um momento de pandemia, não há preparação possível que combate a pandemia nos moldes que precisaria ser combatida para permitir que o turista cheguem aqui nos festejos juninos, que é na próxima semana. Nós estamos no auge de uma pandemia, Sergipe está com números muito altos de internação de UTI é nós estamos ainda com números altos de contaminação, número alto de óbitos, então estamos a uma semana do período junino, então a questão de tempo para se preparar nesse momento ela passa a não ter relevância. Nós temos um vírus circulando com muita força e enquanto isso não diminuir o destino infelizmente não vai poder receber os visitantes que poderia receber, que sempre recebeu em anos anteriores quando não tinha pandemia.

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