Turismo


‘Segundo ano consecutivo sem festejos juninos em Sergipe causa tristeza e frustração’, afirma Xote Baião


Publicado 20 de junho de 2021 às 08:44     Por Roberta Cesar     Foto Arquivo Pessoal

Pelo segundo ano consecutivo, os corações dos nordestinos sofrem novamente sem uma das principais manifestações culturais da região, os Festejos Juninos, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19). O dono e vocalista da banda sergipana Xote Baião, Vinícius Nejaim, afirmou ao AjuNews que o sentimento é de “tristeza” e “frustração” por mais um ano sem os eventos juninos.

“O sentimento que vem obviamente no primeiro momento é de tristeza por não atuar de forma ativa nos festejos juninos, além obviamente de todo o aspecto econômico que envolve a questão do trabalho em si, existe também a frustração por não poder representar mais um ano a cultura, a identidade, as tradições do nosso povo, do nosso Sergipe, do nosso Nordeste e a música para nós da Xote Baião ela obviamente transcende a questão dos valores econômicos decorrentes dos cachês dos shows”, destacou o artista.

Sendo uma das épocas de maior movimentação econômica no Nordeste, a proibição das festas causou prejuízos a vários setores e pessoas que viam nos festejos a oportunidade de ganhar dinheiro. Em 2020, a estimativa foi de um prejuízo de mais de R$ 1 bi juntando apenas os estados: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia, segundo o jornal Folha de São Paulo. Obviamente, este valor seria muito maior pois em, praticamente, todas as cidades nordestinas tem um tipo de comemoração da época.

O vocalista da Xote Baião conta que a estimativa é de um prejuízo de 20 cachês que recebia no mês de junho. “É difícil responder em termos de valores financeiros, no tocante aos shows, porque há uma oscilação muito grande entre os períodos juninos dos vários anos, mas fazendo um resumo, a gente tem uma média de 20 shows por ano no mês de junho, então financeiramente seria um prejuízo equivalente ao cachê desses 20 shows por ano”. Vinícius ainda relata que, além do prejuízo financeiro, também teve em relação à imagem, ao contato com o público “e isso de certa forma compromete também a questão intangível do aspecto de valor de marca, valor de percepção, valor da lembrança do público”, complementa.

Em meio a um cenário de crise sanitária e econômica no Brasil devido à pandemia, o Governo Federal e a prefeitura de Aracaju criaram auxílios. No entanto, Nejaim afirma que a Xote Baião não foi contemplada com nenhum benefício por ele ser professor do Instituto Federal de Sergipe (IFS). “O que assim, de certa forma, eu lamento um pouco porque essa condição é uma condição minha, obviamente eu tenho Graças a Deus essa condição de poder sobreviver bem sem a música em virtude do meu trabalho, mas o restante da banda não, então a gente não pôde obter esses créditos, esse incentivo e aí a banda não pôde desenvolver nenhum trabalho que fosse pautado nessas leis de incentivo”.

“13º dos músicos”
Assim como no Carnaval, nos Festejos Juninos, os músicos faturam alto por causa dos eventos nas festas, por este fato, o presidente do Sindicato dos Músicos de Sergipe (Sindmuse), Tonico Saraiva, chamou a arrecadação do mês de junho de “13º dos músicos”. “Os Festejos Juninos para os músicos nordestinos, como é o mês que a gente trabalha mais em torno de 45 dias tocando quase todos os dias, é o 13º do músico brasileiro. (…) Sem esse 13º fica muito difícil para nós, eles estão reclamando muito a falta de apoio dos governantes nesses últimos dois anos, na realidade, teve o auxílio da Lei Aldir Blanc foi quem salvou uma boa parte da nossa situação, mas o dinheiro também se acaba e volta de novo para a situação difícil”, ressaltou.

Tonico cita as principais festas que acontece em Sergipe e os milhões que são gastos em cada uma, a exemplo do Forró Caju e Siri, da Festa do Caminhoneiro, do Encontro Nordestino de Cultura (antigo Forró do Povo na Orla de Atalaia), da Festa da Mandioca, do São Pedro de Capela e do São João de Estância. O presidente do Sindmuse ressalta que diversos segmentos ficavam com uma parte do dinheiro, que movimentava toda uma cadeia econômica. “O prejuízo é grande. Se for ver quantos segmentos estão no prejuízo nessa questão de dois anos sem forró, por alto dá mais de 500 segmentos que tomaram prejuízo em não ser realizado essas festas”.

Ainda na oportunidade, Tonico Saraiva criticou a forma como a prefeitura de Aracaju criou o auxílio municipal. “O formato que o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, colocou esse auxílio para os músicos de Aracaju, ele colocou de uma forma que não os contemplou os músicos de Aracaju. O formato que ele utilizou: quem recebe esse auxílio do Governo Federal, não pode receber o municipal. Quem recebe o municipal, não pode receber o Federal, então saiu pelo ralo, ninguém foi contemplado nesse auxílio municipal. O governador Belivaldo Chagas em si não deu nenhum auxílio para os músicos de Aracaju. O Governo Federal, teve a Lei Aldir Blanc que deu o auxílio e contemplou milhares de músicos no nosso estado”, destacou Tonico.



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