Após quatro meses sem aulas presenciais por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19), o Governo de Sergipe ainda não tem previsão para o retorno das atividades escolares. Ao AjuNews, a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) afirmou que está elaborando um protocolo com diretrizes para eventual retorno das aulas.

De acordo com a pasta, o documento com as medidas necessárias para manter a segurança dos alunos e professores ainda está em fase de construção. No entanto, ele pode ser entregue ao governo até o dia 20 deste mês. Ainda segundo a Seduc, para os alunos da rede pública não serem prejudicados por conta da suspensão das aulas, o período letivo foi retomado no dia 27 de maio, na modalidade de ensino remoto.

“O Governo do Estado, por meio da Seduc, firmou uma parceria de peso com o Centro de Mídias em Educação do Estado do Amazonas, com o objetivo de disponibilizar, desde o dia 20 de abril, mais um canal de ensino e aprendizagem para os estudantes do território sergipano. São videoaulas com conteúdos para ensino fundamental (anos finais) e ensino médio”, disse a pasta.

Ainda segundo a secretaria, o ensino em tempo integral nas escolas públicas sergipanas não será afetado casa ocorra a retomada das atividades presenciais, pois “já há entendimento que o ensino será híbrido, com conteúdo remoto e presencial”.

Já em Aracaju, a Secretaria Municipal da Educação (Semed) explicou que por conta da grande quantidade de casos confirmados da covid-19 na capital, o retorno das atividades ainda não tem data marcada para acontecer. Atualmente, o município possui 31.472 infectados pela doença.

“Quando as autoridades sanitárias derem o aval para o retorno, as famílias, os estudantes e professores precisam ter a certeza de que o gestor está tomando a decisão correta, depois de muito planejamento e cuidado com a segurança de todos”, disse a secretaria.

Ao ser questionada sobre as medidas pré-definidas para afastar o risco de contaminação nas dependências da escolas, a Semed explicou que está realizando estudos e diretrizes que tratam do distanciamento social, limpeza dos ambientes e higiene pessoal.

“Serão instalados 84 lavatórios nos refeitórios das unidades escolares, instalados dispensadores de álcool em gel, uso de termômetros para aferição da temperatura corporal, orientações sobre protocolos de higiene aos familiares, alunos e professores, uso obrigatório de máscara, realização de rodízio de alunos em sala de aula. Uma série de medidas elaboradas obedecendo as regras estabelecidas pelas autoridades de saúde”, afirmou a Secretaria de educação da capital.

Nesta terça-feira (11), o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e o presidente da Câmara Municipal de Aracaju, Nitinho Vitale (PSD), assinaram um termo de cooperação para transmissão de aulas para estudantes do ensino fundamental da capital pela TV Câmara, emissora aberta do Legislativo Municipal.

Conforme anunciado pela administração da cidade, a iniciativa deve garantir aos 32 mil alunos matriculados na rede de ensino municipal o acesso aos conteúdos educacionais através do canal, durante o período de suspensão das atividades presenciais em virtude da pandemia.

“O material será exibido de segunda a sexta-feira, no período matutino, e integra o projeto ‘A escola vai até você’, idealizado pela Secretaria Municipal da Educação”, disse Edvaldo.

Rede particular
Para o presidente da Federação das Escolas Particulares de Sergipe (Fenen-SE), professor Renir Damasceno, a opinião das famílias dos estudantes é importante durante o processo de planejamento da retomada das aulas presenciais. Por isso, eles estão realizando uma enquete sobre o tema com os pais.

“A realização de uma enquete com os pais sobre o retorno das atividades presenciais, dará autonomia de escolha às famílias, como também saberemos o número real de estudantes que voltarão às salas de aula quando o Governo autorizar. A consulta está em fase conclusiva”, afirma o presidente.

De acordo com Damasceno, o Fenen-SE contratou o Instituto Motivação, uma empresa de São Paulo especializada em consultoria e assessoria para a estruturação e desenvolvimento de políticas públicas à criança e ao adolescente, para a elaboração de um protocolo de cuidados no ambiente escolar em aulas presenciais.

“A Federação orienta, mas não é responsável por fiscalizar ou impor que as escolas cumpram o que está no documento. Serão preciso treinamentos pessoais e adaptações nas escolas”, destacou Renir Damasceno.

O presidente da Federação esclareceu também que não competem ao Fenen questões relacionadas aos valores, reajustes ou abatimentos de mensalidades das escolas particulares do estado. “Cada instituição de ensino tem sua realidade e capacidade administrativa. Não existe lei que obrigue a concessão de descontos. A própria Secretaria Nacional do Consumidor [Senacon] emitiu nota técnica se posicionando contrária à obrigatoriedade de descontos lineares nas mensalidades escolares durante a pandemia do coronavírus”, disse.

Desta forma, enquanto o governo não emite um posicionamento sobre a retomada das aulas presenciais, os estudantes seguem com o novo formato de ensino remoto, tanto na rede pública quanto na particular e municipal.