Entrevista


“O meu foco é em Edvaldo Nogueira, é nisso que estou preocupada”, diz Danielle Garcia sobre corrida eleitoral


Publicado 23 de setembro de 2020 às 07:00     Por Eduardo Costa     Foto Divulgação

Candidata à prefeitura de Aracaju, a delegada Danielle Garcia (Cidadania) avaliou, em entrevista ao AjuNews, que apesar da corrida eleitoral contar com 11 postulantes, a disputa está polarizada. Mas, a autoridade policial deixou bem claro quem é o seu alvo na campanha, o atual prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e candidato à reeleição: “O meu foco é em Edvaldo Nogueira, em combater a gestão dele, é nisso que estou preocupada”.

À reportagem, ela teceu duras críticas ao atual gestor. A delegada citou o Hospital de Campanha, que julgou como “desperdício de dinheiro”, problemas na saúde, no transporte público e o lixo, resumidos por ela como “uma gestão completamente ineficiente”.

Danielle rechaçou qualquer tipo de favoritismo por causa dos bons números em pesquisas de intenção de voto, e destacou que a sua campanha tem sido feita dentro de todos os critérios e protocolos corretos, especialmente em tempos de pandemia. “Nossa campanha está dentro da lei desde o início, e vai ser assim até o dia da vitória”, enfatizou.

A candidata também destacou a boa relação com o presidente estadual do Cidadania, o senador Alessandro Vieira, negou qualquer atrito com a vereadora Emília Corrêa e reabteu críticas dos também candidatos Márcio Macêdo (PT) e Rodrigo Valadares (PTB). No caso deste último, ela foi direta: “É um menino que não merece o meu tempo. A vida dele é fazer memes, vídeos, deixa ele se distrair com isso”.

Leia a entrevista completa abaixo:

AjuNews – Pelo trabalho de anos como delegada e agora envolvida diretamente na campanha em chapa, quais os principais problemas que você encontra em Aracaju? No que a atual gestão tem deixado a desejar?
Danielle Garcia – Eu trago a experiência dos meus nove anos trabalhando no combate a corrupção. E o que mais vi foram desvios de recursos, superfaturamentos de contratos, desperdícios de dinheiro público. Algumas dessas coisas continuam acontecendo. Vide o Hospital de Campanha, que na minha opinião foi desnecessário. Ao todo, segundo fontes da própria secretaria, foram gastos R$ 27 milhões para curar apenas 400 pacientes. O hospital foi desmontado e não ficamos com legado algum. O valor poderia ter sido investido em leitos de UTI pela prefeitura, já que ela não pode se esconder sempre dizendo que ‘ah, mas é competência do governo’. Qual é o problema, por que não Aracaju ter leitos nos hospitais municipais? Acho que foi um desperdício de dinheiro, já que o recurso poderia ser aplicado em estruturas já existentes e que poderiam permanecer mesmo sem a covid.

O que temos hoje da gestão que me incomoda é uma total ineficiência em todas as áreas. Posso citar a educação. Atualmente saíram as notas do Ideb, medindo a eficiência do ensino, e Aracaju é a pior capital do Brasil. A gente não consegue atingir a meta que já é baixa. Nossa meta é 4.9, enquanto em Teresina ela é dois pontos maior. Na saúde, estamos um caos. O que eu mais escuto das pessoas é reclamação de que não conseguem marcar exames ou obter resultados. Mulheres grávidas que fizeram ultrassom da gravidez já tiveram o bebê, a criança já estuda, e não receberam o resultado. Testes de pezinho, exames oftalmológicos, ninguém consegue marcar. O transporte público é outro caos, Aracaju nunca teve licitação. Temos uma mesma empresa de coleta de lixo há décadas, com contrato vitalício, e o lixo pode valer dinheiro para a população se for bem trabalhado. Mas ao contrário, enterramos todo o lixo, porque o peso do que é recolhido é o que gera lucro para a empresa. Eu chamo de uma série de ineficiências, mas que em outros casos podem até ter outro nome que não vou citar porque há investigações em andamento. Isso me deixa a certeza de que temos uma gestão completamente ineficiente.

AjuNews – As primeiras pesquisas já divulgadas em Aracaju mostram seu nome com boas intenções de voto e até como favorita para ir a um provável segundo turno. Sua campanha tem levado esses números em consideração? Ou não influenciam em nada?
Danielle – Trabalhamos como se não tivéssemos voto nenhum. A campanha conversa com as pessoas, construindo um plano de governo como no último lugar das pesquisas. Não pode existir uma sensação de ‘já ganhou’, muito pelo contrário. Embora como foi bem pontuado, todas as pesquisas avaliam nosso nome de forma polarizada com o atual gestor, e o trabalho é contínuo sempre. A gente não tem descanso, é trabalhar a política todos os dias sem nenhum clima de vitória.

AjuNews – Existem muitos grupos diferentes de oposição na eleição, como o seu. Você acha que essas várias chapas espalhadas podem vir a dividir votos e favorecer a situação?
Danielle Garcia – Acho que da mesma forma que no lado deles tem o PT que retira votos, aqui isso também pode acontecer com outros grupos. Mas o foco não é esse. A eleição está bem polarizada, e vamos trabalhar o tempo inteiro tendo como adversário Edvaldo Nogueira. Esse é o nosso grande adversário, é ele quem vamos combater na campanha através de ideias e projetos.

AjuNews – Com a pandemia, quais são os principais desafios da campanha? Como fazer um trabalho diferente em 2020, sem tanto contato com as ruas?
Danielle Garcia – A nossa campanha está toda sendo feita dentro da lei, ao contrário de outras por aí. Nós não aglomeramos ninguém, nossa convenção foi virtual, respeitando todas as determinações do estado e do município. Caso a gente comece descumprindo a lei, já pegamos um caminho errado para outras coisas. Houve convenção em Nossa Senhora do Socorro com a presença do governador contando com 2.000 pessoas. Bares e restaurantes estavam fechados, as igrejas foram fechadas. Imagine você se eu faço um encontro com 150 pessoas? Com certeza vai render processo. Mas o governador pode reunir 2.000 pessoas sem problema. Nossa campanha está dentro da lei desde o início, e vai ser assim até o dia da vitória.

AjuNews – Um dos nomes mais fortes do seu partido e que esteve sempre presente até agora é o senador Alessandro Vieira. Como tem sido a participação dele em todo o processo?
Danielle Garcia – A relação é ótima. Nós somos colegas de trabalho, amigos pessoais, e ele é o presidente do partido. Mas ele tem um mandato de senador para cuidar. Nesse momento está em Brasília, e tocamos tudo aqui tranquilamente. Obviamente ouvimos Alessandro como ouvimos todas as outras pessoas na coligação, o povo e as categorias. Essa escuta é básica para o trabalho. Mas os projetos e a dinâmica da campanha passam por mim e pelo meu vice. As ideias todas são bem-vindas, algumas aceitas e outras não.

AjuNews – Outro nome que estava bem cotado para uma aliança com o seu grupo era o da vereadora Emília Corrêa (Patriota). Mas ela, que confirmou que será candidata à reeleição como parlamentar, ainda não anunciou apoio. Isso te decepcionou de alguma forma, ou não há influência?
Danielle Garcia – Não há nenhum problema, tudo absolutamente tranquilo, nenhuma rusga ou mágoa. A gente conversa sempre. Ela fez uma opção legítima, optou junto ao partido por apoiar Rodrigo Valadares. Eles vão seguir os caminhos deles, nós vamos seguir os nossos sem qualquer problema. É uma opção do partido que respeitamos, mas o carinho e a amizade ficam.

AjuNews – Seguindo em nomes, quais na sua avaliação entre os principais da nossa política demonstram apoio à sua candidatura?
Danielle Garcia – Não gosto de citar nomes, vamos aguardar o tempo. No estado irão surgir as lideranças. Temos que focar na capital, nosso foco é a prefeitura de Aracaju. O meu foco é em Edvaldo Nogueira, é combater a gestão dele, nisso que estou preocupada. Quem vai ser liderança, eu trato em um segundo momento.

AjuNews – Recentemente, você recebeu críticas do candidato Rodrigo Valadares por não expor publicamente que apoia o presidente Jair Bolsonaro, o que a alinharia à esquerda. Outra crítica forte foi do candidato Márcio Macêdo, dizendo ‘quero ver ser valente no debate de ideias sem o distintivo que lhe protege’. Como você avalia esses comentários?
Danielle Garcia – Em relação a Márcio, não sei porque o meu distintivo incomoda tanto esse povo. Quem tem que ter medo de polícia é bandido. Não é o caso dele, Márcio é um cara bacana, bem preparado, então não sei qual o receio. Esse distintivo eu carrego com orgulho até a minha aposentadoria, tanto ele quanto a minha arma. Já Rodrigo Valadares é um menino que não merece o meu tempo. A vida dele é fazer memes, vídeos, deixa ele se distrair com isso. Acho uma pena que nós paguemos tão caro a um deputado estadual que perde tempo apresentando um projeto de dia do rock e fazendo meme. São mais de R$ 30 mil de salário, mais a verba de gabinete. Só que o povo vai julgar. Deixe ele se distrair, criança gosta de se distrair com brincadeira. Não somos mais crianças, temos que focar no trabalho sério e fazer o que o povo pede.



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