Política


Canais do Youtube que disseminam fake news e atacam o STF receberam verba de estatais


Publicado 31 de maio de 2020 às 18:03     Por Dhenef Andrade     Foto Tânia Rego / Agência Brasil

Verbas publicitárias de estatais patrocinaram canais do Youtube que defendem o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, pedem intervenção militar no Brasil e espalham fake news. De acordo com um levantamento feito pelo jornal O Globo, divulgado neste domingo (31), com base nos dados da Lei de Acesso à Informação, Petrobras e Eletrobras veicularam 28.845 anúncios nesses canais entre janeiro de 2017 e julho de 2019, período que abarca os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (sem partido).

Alguns dos donos desses canais e sites são alvos da investigação em andamento no STF que apura a existência de uma rede de divulgação de fake news e de ataques aos ministros da Corte. Entre os investigados estão Allan dos Santos, do canal “Terça Livre”, Enzo Leonardo Suzi Momenti, do canal “Enzuh”, e Bernardo Pires Kuster.

O “Terça Livre”, de Santos, veiculou 3.490 anúncios pagos pela Petrobras. Já o canal de Kuster no YouTube veiculou 3.602 anúncios pagos pela estatal, enquanto o canal de Momenti veiculou 1.192. A Eletrobras também teve propagandas divulgadas nesses três canais. Foram 536 no de Kuster, 398 no “Terça Livre” e 273 no de Momenti.

Mesmo o levantamento se baseando em dados entre 2017 e 2019, o financiamento a estes sites continua. Segundo o jornal, outra base de dados da Secom (Secretaria de Comunicação) da presidência mostra que, em junho e agosto do ano passado, quase 400 mil anúncios do governo foram para 11 sites e canais que divulgam fake news e propagam ataques contra a democracia.

As empresas estatais e a Secom disseram à reportagem que não destinaram verbas para esses sites e canais em específico. Os anunciantes, porém, podem impedir que seus anúncios sejam veiculados em determinados endereços. De acordo com a Petrobras, são os algoritmos das redes de conteúdo contratadas por ela que fazem a distribuição da verba. Já a Eletrobras responsabilizou o Google e o YouTube pela veiculação de anúncios pagos pela empresa em canais com esse perfil.



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