Política


Ministério da Justiça pede explicações pela alta nos alimentos e contraria setor liberal do governo


Publicado 10 de setembro de 2020 às 09:24     Por Eduardo Costa     Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Justiça notificou nesta quarta-feira (9) supermercados e produtores para explicarem o aumento dos preços de alimentos da cesta básica, contrariando a estratégia liberal dos ministérios da Economia e da Agricultura. Segundo a Folha de São Paulo, 65 redes varejistas e cooperativas estão sendo analisadas pela pasta da Justiça.

A cobrança foi feita pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e os esclarecimentos terão que ser dados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A matéria informou que assessores dos ministérios da Economia e da Agricultura viram a medida com surpresa.

As pastas em questão, comandadas por Paulo Guedes e Tereza Cristina, vinham trabalhando com ações como a Imposto de Importação sobre o arroz, para impedir as altas neste e em outros produtos. A ideia é que a facilitação da importação traga maior oferta e queda nos preços.

Caso os abusos nos preços sejam identificados, a Senacon pode aplicar multas que passam dos R$ 10 milhões. À reportagem, ex-técnicos da Senacon afirmam que a medida pode soar como pressão política por irem contra o que prega a Economia. Membros da ala militar do governo são a favor das medidas de intervenção.

O presidente da Abras, Sanzovo Neto, também foi surpreendido pela decisão do Ministério da Justiça sobre os alimentos. Ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “não sabe dessa notificação. Deve ser uma notificação de rotina para prestação de informação e nós faremos isso tranquilamente”.

Sanzovo Neto evitou culpar os supermercados pela alta dos preços e fez sugestões aos consumidores. Segundo ele, “vamos promover o consumo de massa, que é o macarrão, que é um substituto do arroz. E vamos orientar o consumidor a não fazer estoque. Porque quanto mais estocar, mais difícil fica a situação”.

A apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada nesta quarta (9), o presidente Bolsonaro disse que a situação está sendo normalizada. “Não vamos interferir no mercado de jeito nenhum. Não existe canetaço para resolver o problema da economia”, declarou.

Segundo associações de varejo pelo Brasil, em um período de um ano, a alta em alguns alimentos como arroz, feijão e leite (todos da cesta básica) chegou a ser de 20%.

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