Justiça


Procuradores da Lava-Jato anteciparam ao MP da Suíça nomes de delatores da Odebrecht, diz site


Publicado 08 de fevereiro de 2021 às 10:22     Por Eduardo Costa     Foto Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Diálogos por mensagens entre representantes do Ministério Público Federal (MPF) indicam que procuradores da Operação Lava-Jato anteciparam ao Ministério Público da Suíça nomes de suspeitos em casos de corrupção que depois fecharam acordos de delação premiada. Tal repasse teria sido retribuído com uma consulta de dez nomes por parte dos suíços, quase todos eles da cúpula da Odebrecht.

A informação é do colunista Jamil Chade, no portal UOL. Ele destaca que, no chat apreendido em operação da Polícia Federal (PF), os procuradores sugeriram sigilo sobre a troca de informação. Deltan Dallagnol, procurador da Lava-Jato, fez uma consulta sobre o repasse da planilha com a “condição de manterem confidencial”. Essa cooperação internacional fora de canais oficiais pode levar à anulação de provas.

O “Acordo Ode”, por conta da Odebrecht, traz como assunto principal os termos que se transformariam no acordo de leniência da empreiteira. Em setembro de 2016, o procurador Orlando Martello disse: “passei a lista com os nomes dos possíveis nomes para acordo para Stefan (in off)”. O citado é o procurador Stefan Lenz, conhecido como principal nome da Lava-Jato na Suíça.

O suíço então cita a Orlando alguns nomes que faltariam na lista de delatores, segundo o colunista: Fabio Gandolfo, Leandro Azevedo, Newton de Souza, Eduardo Barbosa, Renato Jose Baiardi, Aluzio Rebello Araujo, Paulo Lacerda de Melo, Carlos Mendonca Alves Dias e Renato Antonio Machado Martins. Alguns dos citados estão entre os principais executivos da Odebrecht, como Fábio Gandolfo e Newton de Souza.

Um mês depois da lista, os procuradores voltaram a discutir o envio de dados ao exterior. Em outubro de 2016, Deltan Dallagnol disse: “Carol [não identificada], posso passar a planilha para os americanos e suíços, com condição de manterem confidencial, ou há coisas muito sensíveis e melhor fornecer ponto a ponto? Rapaz, minha admiração pelo acordo que fizeram só cresce viu?”.

A quebra de sigilo das mensagens, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, já teve repercussões. A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o UOL, irá questionar na Justiça suíça a cooperação entre ambos os países.

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