Política


CPMI das Fake News: Testemunha diz que jornalista ofereceu sexo em troca de informações e Folha rebate


Publicado 12 de fevereiro de 2020 às 07:44     Por Redação AjuNews     Foto Jane de Araújo/Agência Senado

Um ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, Hans River do Rio Nascimento, afirmou nesta terça-feira (11), ao prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, “queria sair” com ele em troca de informações para uma reportagem. A matéria, segundo ele, acusaria a empresa de disparar mensagens via Whatsapp durante a campanha de Jair Bolsonaro à presidência.

“Ela queria sair comigo e eu não dei interesse para ela. Ela parou na porta da minha casa e se insinuou para entrar na minha casa com propósito de pegar matéria, ela queria ver meu computador e quando eu cheguei na Folha de S. Paulo, quando ela escutou a negativa, o destrato que eu dei e deixei claro que não fazia parte do meu interesse, a pessoa querer um determinado tipo de matéria a troco de sexo, que não era minha intenção”, disse durante a oitiva.

Ao comentar as acusações, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse não duvidar que a repórter “possa ter se insinuado sexualmente, como disse o senhor Hans, em troca de informações para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro”. Após sua participação na CPMI, o filho do presidente ainda postou suas afirmações no Twitter.

Jornalista da Folha rebate acusações feitas por ex-funcionário da Yacows e mostra conversa; veja

Em nota, a Folha condenou os ataques à jornalista. “A Folha repudia as mentiras e os insultos direcionados à jornalista Patrícia Campos Mello na chamada CPMI das Fake News. O jornal reagirá publicando documentos que mais uma vez comprovam a correção das reportagens sobre o uso ilegal de disparos de redes sociais durante a campanha de 2018. Causam estupefação, ainda, o Congresso Nacional servir de palco ao baixo nível e as insinuações ultrajantes do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)”, afirmou o jornal.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também repudiou as “alegações difamatórias” de Eduardo. “É assustador que um agente público use seu canal de comunicação para atacar jornalistas cujas reportagens trazem informações que o desagradam, sobretudo apelando ao machismo e à misoginia”, disse a Abraji.

O episódio fez com que Patrícia fosse alvo de ofensas machistas nas redes sociais. Em 2018, ela publicou uma série de reportagens sobre a ação de empresas que faziam disparos em massa de mensagens por WhatsApp para influenciar o voto nas eleições presidenciais. A Yacows era uma delas.



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