Política


Em denúncia, ex-candidata do PSL relata reunião ‘humilhante’ com Rodrigo: ‘Me tratou como cachorra’


Publicado 10 de novembro de 2020 às 14:35     Por Redação AjuNews     Foto Reprodução / Instagram

O  candidato a prefeito em Aracaju, deputado estadual Rodrigo Valadares (PTB), o irmão dele e presidente do PSL em Sergipe, Fábio Valadares, foram denunciados à Polícia Federal (PF) por suposto desvio dinheiro do Fundo Eleitoral, fraude da cota de sexo feminino e falsidade ideológica eleitoral no pleito deste ano. A denúncia foi feita mais uma vez pelo também postulante pelo Avante, o empresário Lúcio Flávio Rocha.

No pedido de investigação, obtido pelo AjuNews, o empresário narra detalhes do suposto ocorrido entre a ex-candidata à Câmara de Aracaju pelo PSL, Rosy Silva, e o parlamentar. A analista de perfil comportamental é apontada na denúncia como a principal testemunha do caso. Em outubro, ela anunciou sua desistência da disputa após afirmar que as mulheres da sigla estavam sendo obrigadas a assinar recibo em branco.

Segundo Lúcio, Rosy teve garantia do parlamentar que receberia R$ 186.003,67 para gastos com despesas da campanha. Depois de ter fechado contrato com uma assessoria e equipe de marketing, de acordo com o documento, Rodrigo ordenou que ela contratasse um grupo de sua indicação. Além disso, a mulher também teria sido “constrangida” pelo deputado para que divulgasse o material de campanha dele.

Na denúncia, é destacado um fato que foi considerado “o mais grave” pela ex-candidata. “Ocorreu no dia em que marcou de se encontrar com Rodrigo Santana Valadares no hotel em que ele estava hospedado. Ao chegar no local a senhora Rosy Silva foi convidada a encontrá-lo em um apartamento; negou-se inicialmente mas anuiu depois de ouvir que não estariam sozinhos”, relata o empresário.

Neste dia, ela voltou “a cobrar Rodrigo Santana Valadares que, descontrolado, expulsou-a do apartamento aos gritos, chamando-a de insubordinada e de outros adjetivos injuriosos”.

No documento, também é relatado que a “prática desrespeitosa e ilícita fora implementada em prejuízo de outras candidatas ao mesmo cargo”. Em seguida, Lúcio afirma que o fato pode ser comprovado por meio de supostas capturas de conversas do grupo “PSL-Mulher/SE” no aplicativo WhatsApp.

Nas possíveis conversas, Paula Bernardes, que também foi denunciada, “diferencia os candidatos homens das mulheres” ao afirmar que “o repasse das mulheres vem pela nacional”. No diálogo, as candidatas contestam a ordem de que elas têm que assinar “o recibo em branco” mesmo sem ter recebido. Então, Paula “age de má- fé, induzindo as candidatas a erro, ao afirmar que essa seria uma exigência do Diretório Nacional, uma condição para o recebimento posterior”.

Respondendo as postulantes, por meio de áudio, Paula reforça que só “receberia o valor referente ao fundo partidário quem assinasse antecipadamente, alegando que foi determinação do Diretório Nacional do Partido PSL”. No grupo, uma das candidatas questiona: “Justamente isso que não entendo, porque mulheres assinam recibo em branco e homens vai diretamente pra conta!!”. Ainda de acordo com Lúcio, tanto Rodrigo quanto Fábio integravam o grupo de conversa.

O empresário também argumenta que Fábio e Rodrigo não podem argumentar que não estavam cientes da situação, “vez que, como demonstrado várias conversas foram realizadas, inclusive, diretamente com eles . Outrossim, tem-se uma situação fática absolutamente incontestável de que quem decide os rumos e práticas do PSL é o Dep. Rodrigo Valadares, autor das promessas e com quem se travavam as conversas. Seu irmão foi colocado no PSL como mero “ laranja”” .

Também foi anexada uma conversa de Rosy gravada com um advogado do PSL após o presidente do partido ser informado que ela renunciaria a candidatura. Lúcio afirma que no áudio é possível perceber “um desprezo às candidaturas femininas, excetuada a candidatura de Mara”.

“Rosy, expliquei aqui, pras meninas não quererem secomparar a Mara , Mara é presidente do PSL , você vai ser mais que Mara , é ? (…) Eu quero que você faça um vídeo (ina udíve l) que nunca viu isso , ninguém praticando. A única coisa que você tem que deixar claro é que você não sabia o recurso que você tinha que receber. Só isso”, disse o advogado.

E, ela responde: “O que foi dito, a que lá agonia, é que fosse assinado recibo em branco, p á, p á, p á (…) Eu vim aqui mesmo chateada com ele , porque ele me humilhou, ele me colocou pra fora e disse saia, se você quiser sair da campanha, você saia , me tratou como cachorra, eu passei a tarde e inteira chorando . Nenhum momento abrir minha boca. Ele [Rodrigo] me prometeu R$ 180 mil e até hoje eu não tenho um santinho. Sábado ganhei um santinho que Amintas me deu.”

O advogado responde: “Porque Rodrigo mandou segurar. Todo recibo é datado. Não foi enviado porque Rodrigo mandou segurar”.

Outro lado
A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado e do PSL, mas não obteve retorno. Essa é a segunda denúncia feita pelo prefeiturável Lúcio contra o deputado Rodrigo. Na primeira, ele acusou o parlamentar de desvio de dinheiro do Fundo Eleitoral e citou caixa dois.

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Atualizada às 15h40



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