Política


Denunciante do suposto esquema de “rachadinha” no gabinete de Samuel Carvalho afirma sofrer ameaças


Publicado 13 de outubro de 2021 às 16:10     Por Fernanda Sales     Foto Arquivo Pessoal

A denunciante do suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do deputado estadual Dr. Samuel Carvalho (Cidadania), Gildete Dias Menezes, afirmou ao AjuNews, nesta quarta-feira (13), que sofreu duas ameaças de morte em menos de 24 horas.

Segundo a denunciante, a primeira ameaça foi na madrugada desta terça-feira (12), por volta das 3h20 da manhã. “Na madrugada de segunda pra terça, eu me acordei 3h da manhã para ir no banheiro. Aí eu tenho a mania de sempre olhar a casa. Quando eu estava na sala, vi alguém subindo uns degraus, aí olhei pelo vidro, mas não deu pra ver visivelmente quem era, vi que era um homem, mas não conheci o rosto. O homem estava com uma bota preta, daquelas de ir para o campo, de calça jeans e camisa azul. Minha casa é de andar, tem uma escada. Ele passou pelo telhado do vizinho, agarrou na grade pra tentar ir até a janela do meu quarto. Aí como fez muito barulho ele voltou”, informou com exclusividade.

Durante a entrevista, a denunciante do suposto esquema disse ainda que na primeira tentativa, ela estava com uma amiga na casa. “Eu estava com uma amiga minha, ela tem 58 ou 59 anos, a gente deixou as lâmpadas apagadas e ficamos olhando tudo pelo vidro. Ele tentou empurrar o portão mas não conseguia, porque tem três cadeados. Aí ele desceu o degrau, depois subiu e desceu de novo. Agora, na mão dele eu não vi nada”, relatou a mulher.

Já na segunda ameaça, Gildete conta que aconteceu por volta das 18h30 da noite desta terça-feira (12). De acordo com ela, dessa vez era o seu sobrinho, Rafael Gomes de Menezes, filho de uma das suas irmãs e irmão de Adriana Menezes, esposa do deputado Samuel Carvalho. “Eu estava no sofá assistindo com minha irmã, quando escutei uma ‘pesada’ no portão. Aí quando a gente olhou era meu sobrinho com um revólver na mão e dizendo que ia me matar. Só que estavam três cadeados no portão. Ele dizia: ‘Vou lhe matar agora, vou estourar você de bala’. Aí eu peguei e corri para a cozinha, e minha irmã gritando, dizendo ‘chama a polícia’, tô ligando pra ‘polícia’. Só que quando eu corri eu deixei o celular no sofá, e não podia voltar porque ele estava na frente e dava pra ver o sofá. Aí ele disse: ‘Eu vou embora, mas eu voltar, vou encher você de bala pra não falar mais nunca’”, afirmou Gildete, acrescentando que viu nitidamente o sobrinho, que é cunhado de Samuel Carvalho.

“Ele disse que enquanto não me matar não vai sossegar, foi esse o recado que ele falou na porta. Aí eu e minha irmã tremendo, eu liguei pra polícia, mas como ‘tava’ demorando a polícia, eu liguei para uma pessoa para a pessoa enviar a viatura, porque eu fiquei muito nervosa. Graças a Deus veio quatro viaturas da polícia, aí eles fecharam a minha casa e levou a gente até a casa de minha irmã, pra eu dormir lá. Agora estou na minha casa, mas está tudo fechado e a noite vou dormir na casa dela”, acrescentou ela, dizendo que filmou o local onde portão ficou danificado.

Gildete destacou ainda que quer ir à delegacia para denunciar as ameaças, mas está com medo de sair de casa. “Eu estou com medo, pra ir nós duas, eu e minha irmã. […] Eu preciso de uma viatura pra me conduzir até a delegacia, pra prestar um B.O, porque se veio em um dia e veio no outro, ele disse que ia voltar, ele disse que enquanto não fizer não vai sossegar”.

Questionada se as ameaças tem alguma relação com a denúncia que ela fez ao Ministério Público Federal (MPF) de um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do deputado, ela respondeu: “Com certeza. Ele disse. Ele disse sim, tenho testemunha, tenho minha irmã que estava aqui do lado”. Segundo Gildete, ela estava com uma das quatro irmãs na hora do ocorrido. “Ele disse que ia calar a minha boca pra sempre. Ele dava pesada no portão para derrubar o portão. Ele dizia que ia voltar pra me encher de bala. Ele estava de moto”.

Sobre ‘problemas psicológicos’
A reportagem questionou a Gildete sobre as declarações de Samuel Carvalho, durante entrevista na manhã desta quarta-feira (13) à Fan FM, afirmando que Gildete, que é tia da sua esposa, disse inverdades no áudio e citou ainda que ela estava passando por “problemas psicológicos”.

Sobre o assunto, Gildete conta que seu estado de saúde ficou “abalado” após a morte de sua mãe, vítima da covid-19. “Eu tive um problema psicológico, mas estou em sã consciência, tanto que sofri duas ameaças e estou falando normal, não estou? Isso não tem fundamento. O meu problema é que eu entrei na clínica para restabelecer meu emocional que eu perdi a minha mãe. Eu morava com minha mãe há 18 anos, que minha mãe morreu de covid. E eu me senti culpada, por deixar pessoas entrar dentro de casa, e eu tive cobranças. Então o motivo foi esse. Tomei remédio, melhorei e vim pra casa, mas nunca tive problemas. [..] Eu já voltei a trabalhar, trabalho como doméstica, não tenho mais problema, o problema foi a morte da minha mãe”, reforçou.

Áudio da denúncia
Questionada se todas as informações contidas no áudio da denúncia são verídicas, Gildete esclarece que no “momento da emoção”, ela diz no áudio que Adriana sacava o dinheiro, mas, segundo ela, Adriana ficava no carro com o motorista.

“Sim. A única coisa que errei no áudio, no momento da emoção que você fica, é que ela me pegava todas as vezes, pra pegar o dinheiro com o motorista dela, e mandava eu ir no caixa tirar o dinheiro e ela fica dentro do carro. A mudança só foi essa. Mas tem câmeras eu entrando na Assembleia, e eu não sou funcionária da Assembleia e, eu quero que quebre o sigilo do meu telefone e da outra pessoa envolvida na ‘rachadinha’, que tem muitas conversas no celular na época, se apagou tem como recuperar”.

“Na época que eu estava na Assembleia, todo mês minha sobrinha me ligava, pra dizer ‘vá pegar a encomenda’. Ela disse que tinha uma divisão entre o dinheiro com Seu Carlos, como está no áudio, aí ela disse que não era pra mim entregar mais o dinheiro a ele, que era só pra entregar a ela. E aí ela vinha, me pegava aqui na minha casa com o motorista dela, ela ficava dentro do carro e mandava eu ir no ‘caixa’ tirar. Ela não ia, era eu que ia, ela ficava dentro do carro, e eu entregava o dinheiro todo na mão dela. Mas quero que quebre o sigilo para ouvir todas as conversas. A outra pessoa envolvida é Maria Alcileide, conhecida como Leda, ela ainda tem mais coisa do que eu. Têm muitas conversas, pode quebrar o sigilo, nosso celular está disponível”, finalizou.

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Matéria atualizada às 17h50, de quarta-feira (13).



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