Tecnologia
DNA hacker: Exposição e vazamento de dados após contas hackeadas podem afetar psicologicamente
Exposições indevidas de imagens e dados podem afetar a saúde mental das pessoas. Essa exposição pode acontecer após os perfis em redes sociais serem hackeados. Uma vez dentro da rede social hackeada, tudo que foi compartilhado vai para as mãos do criminoso, e esse, poderá vazar os dados ou usá-los para chantagear as vítimas. Além disso, o hacker ainda poderá usar as contas hackeadas para aplicar golpes visando lucros. Toda essa situação pode desencadear na vítima uma série de abalos psicológicos, como explicou o psicólogo da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e mestre em teoria psicanalítica, Gutiere Cardoso de Lima.
“As repercussões psicológicas desse tipo de crime são as mais variadas, vai depender um pouco do que vai acontecer porque essa pessoa pode ser lesada na imagem, essa pessoa pode ter perdas financeiras, e isso ter repercussões também no dia a dia, nas contas dela e, com isso, causar outros tipos de dificuldades emocionais. Imagine uma pessoa que tem o seu salário roubado de forma virtual, como é que fica em relação às contas? As necessidades diárias? E aí a gente vê que as repercussões são variadas de traumas ao sustentamento do sentimento de impotência, ao sentimento de tristeza, ao sentimento de incapacidade de fazer frente a esse tipo de situação”, afirmou.
O psicólogo destacou a questão da perenidade, onde a pessoa corre o risco de voltar a ser exposta novamente, reabrindo as feridas que uma primeira exposição já causou. O especialista em Defesa Cibernética e executivo da IMX2, Marcelo Cruz, explicou que, ao acessar as contas das vítimas, o principal risco para as pessoas é ter a sua privacidade completamente devassada. “Conversas, fotos, tudo que ela já fez na rede social invadida ficará à disposição do atacante. Como sempre digo, dados não ‘desvazam’”.
O mestre em teoria psicanalítica também comentou sobre os casos em que a exposição indevida de imagens ocasionou problemas emocionais, psicológicos e até a morte de pessoas no país. “De fato, há informações que a exposição indevida de fotos, vídeos de até mesmo pessoas que sofreram golpes virtuais chegaram a tentar ou tirar a própria vida de fato, o que é lamentável. Nessas situações, o que a gente entende é que o nível de sofrimento que a pessoa se encontrou, devido a essa situação, mas talvez devido a um plano de fundo emocional que ela nem conseguiria fazer frente a esse tipo de situação a levou a esse ponto mais fatalista”. Neste sentido, a rede de apoio psicológico familiar e com um especialista se faz imprescindível.
De acordo com Gutiere, a vítima deve procurar um especialista a partir do momento em que sentir sentimentos e pensamentos repetitivos e negativos referente à tristeza, vergonha, e até medo e receio do que outras pessoas pensam, além de não conseguir tirar da cabeça e ficar relembrando as cenas em que foi vítima de um golpe na internet, ou teve sua conta roubada e/ou seus dados expostos. “Algumas pessoas não conseguem dar conta disso e é justamente quando ela deve procurar uma ajuda profissional. Algumas pessoas vão absorvendo essa situação com seus recursos internos psicológicos e vão conseguindo seguir adiante, outras não conseguem se desvincular disso e é como se tivesse uma feridinha aberta, como se tivesse com essa situação traumática à tona”.
Como acontecem os golpes?
Hackear um perfil em redes sociais é simples e rápido. Os criminosos só precisam convencer suas vítimas a enviar dados ou realizar ações achando que é por uma determinada razão, que na verdade, não existe, o que é denominado como “engenharia social”. Criminosos usam as redes sociais hackeadas ou não para aplicar vários golpes, visando lucros. Conforme Marcelo Cruz, que é especialista em resgate de contas, explica que os hackers usam a “engenharia social” (arte da enganação) e convencem as vítimas a enviar um código para participar de um sorteio, que, na verdade, vai dar acesso às suas contas. As principais falhas de segurança que os hackers se aproveitam são: senhas fracas e óbvias, bem como, a “inocência” da vítima em achar que foi premiada de alguma forma. Os criminosos utilizam-se de engenharia social para criar links semelhantes às páginas verdadeiras. Por esses links, os criminosos obtêm dados e informações pessoais das vítimas.
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