Coronavírus
Transparência dos dados apresentados sobre coronavírus em Sergipe é insuficiente, aponta estudo
Sergipe está entre os estados, incluindo o governo federal, que ainda não publicaram dados que permitam acompanhar em detalhes a disseminação da pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19, no Brasil. A informação foi divulgada pela Open Knowledge Brasil (OKBR), organização que atua na área de transparência e abertura de dados públicos, no último dia 3. O Estado registrou quatro mortes pela doença e 36 casos confirmados.
As notas atribuídas pelo estudo foram alto (80 a 100 pontos), bom (60 a 79), médio (40 a 59), baixo (20 a 39) e opaco (0 a 19). Segundo o levantamento, Sergipe, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Espírito Santo e Amapá ocupam a 15ª posição no ranking. Todos obtiveram 10 pontos e foram classificados como “opaco”.
De acordo com a organização, os entes administrativos foram questionados sobre os critérios adotados e apenas seis responderam, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Maranhão e Santa Catarina.
Sergipe informou somente as idades dos pacientes, sexo e localização. O Estado não esclareceu os status dos atendimentos, doenças preexistentes, ocupação de leitos, outras doenças respiratórias, testes disponíveis e testes aplicados.
O Executivo Estadual também não informou sobre painel para consulta do público, dados estruturados em ao menos uma planilha em formato editável, nem apresentou base de dados única e atualizada com histórico completo desde o início do registro de casos.
Atualmente, de acordo com a pesquisa, somente Pernambuco apresenta um nível alto de transparência (81 pontos). Em seguida, Ceará (69) e Rio de Janeiro (64) também apresentam bom nível de informações, embora ainda haja pontos importantes a melhorar.
“Como o Ministério da Saúde publica dados muito agregados e os estados não observam os mesmos parâmetros de publicação, há muita variação entre os estados. Isso pode prejudicar a comparação e dificultar o planejamento a infraestrutura de saúde necessária para lidar com a crise”, avalia a diretora-executiva da OKBR, Fernanda Campagnucci.
Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público de Sergipe (MP-SE) alertaram que a notificação incompleta dos casos de covid-19 no estado pode prejudicar o mapeamento local e nacional da pandemia, dificultar o planejamento do sistema de saúde para atendimento dos doentes e transmitir à população uma sensação equivocada de que há poucos casos suspeitos.
Diante da situação, os órgãos recomendaram ao Governo de Sergipe e aos prefeitos dos 75 municípios que alterem o protocolo de notificação de casos suspeitos de covid-19, e que passem a ser seguidas as recomendações do Ministério da Saúde para controle dos casos suspeitos.
Outro lado
A reportagem tentou contato com o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde, mas até a publicação não teve nenhum retorno. Para divulgar dados sobre a covid-19, o governo criou o canal https://todoscontraocorona.net.br/.
No site há informações objetivas. Releases que são encaminhados para imprensa, decretos, boletins que informam apenas os casos confirmados, número de mortes, números de pacientes que receberam alta e a cidade de cada um. A reportagem acessou o site às 10h34 desta terça-feira (7) e constatou que o boletim estava com o índice de mortos desatualizado. O Governo também disponibilizou uma plano de contingência de 48 páginas e ações desenvolvidas pelo Estado durante a pandemia.
No site da Secretaria de Estado da Saúde foi disponibilizado materiais informativos sobre o novo coronavírus. Outro meio informativo direcionado ao público para sanar dúvidas é o Whatsapp (79) 9 8877- 8489. Através do aplicativo, técnicos da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS/SES) respondem as dúvidas da população de segunda a sexta- feira, das 7h às 17h. Há ainda o contato da Ouvidoria Geral do SUS, 136.
Após publicação da matéria, o secretário de Comunicação do Governo, Salles Neto, informou que a Secretaria de Estado da Saúde está implementando uma ferramenta que vai resolver em grande parte está questão da informação.
“O setor de tecnologia da informação da pasta está debruçado nisso. Precisamos entender que essa pandemia pegou o mundo de surpresa, e tudo que é novo desta forma, requer um prazo para que as coisas sejam todas realizadas. Mas as equipes da Secretaria de Estado da Saúde estão em vias de resolver essa questão”, afirmou.
Atualizada às 14h56
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