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Jornalistas do SBT pedem demissão de Marcão do Povo


Publicado 12 de abril de 2020 às 17:02     Por Dhenef Andrade     Foto Reprodução / SBT

Jornalistas do SBT pediram, por meio de uma carta de repúdio, que o apresentador Marcão do Povo seja dispensado da emissora após cumprir a suspensão de 15 dias. Marcão é acusado de não cumprir as recomendações de higiene recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e determinadas para a redação do SBT, colocando em risco a vida dos colegas. A informação foi publicada neste domingo (12) pelo colunista Gabriel Vaquer, do site Uol.

A maioria dos jornalistas da emissora assinaram o documento. Uma das exceções é Dudu Camargo, colega de Marcão no “Primeiro Impacto”. Um outro argumento utilizado na carta, que já está com o diretor de jornalismo José Occhiuso, é de que a fala do apresentador é inadmissível e não condiz com a história do SBT, concluindo que ele não é digno de ser contratado pela emissora paulista.

Entre os exemplos citados na carta para pedir a saída de Marcão, está o fato de o apresentador dizer nos bastidores que “só deve satisfação para Deus e para Silvio Santos”. Na semana passada Marcão ironizou as orientações de higiene determinadas pela direção de jornalismo, dizendo que só segue orientações de Silvio Santos, que foi quem lhe contratou – inclusive, é Silvio Santos que definirá se ele volta ao “Primeiro Impacto” ou não. Caso a demissão do apresentador não aconteça, os jornalistas da emissora estudam uma atitude mais enérgica diante do caso.

Laia a íntegra da carta:

“À direção do SBT

Impossível nos calarmos. Ainda que em diversas outras ocasiões que envolveram a mesma pessoa tenhamos optado pelo silêncio, todos os valores de ética, ou mais, de decência humana foram violentados pelo apresentador do telejornal Primeiro Impacto, Marcos Paulo Ribeiro de Morais. Ao defender a criação de “campos de concentração” para pessoas infectadas pelo novo Coronavírus, o apresentador que se autointitula como Marcão do Povo, extrapola, no nosso entender, todo e qualquer limite. Jornalistas que somos, por vocação acima de tudo, decidimos tornar público nosso repúdio à forma como o apresentador se referiu à maior crise de saúde do século. O que não nos causa nenhuma surpresa.

O comportamento dele sempre foi o de não acatar orientações nem determinações dos jornalistas que dirigem o Primeiro Impacto e o próprio Departamento de Jornalismo do SBT. E isso sempre foi feito publicamente na redação. Muitos dos que assinam essa carta testemunharam o sr Marcão do Povo dizer, em alto e bom som, que só obedece o dono da emissora e que não presta contas a mais ninguém.

Nós, jornalistas do SBT, vivemos o maior desafio profissional que poderíamos sequer um dia imaginar. Talvez, o maior desafio pessoal. Estamos todos os dias nos expondo a todo tipo de risco para informar a população sobre a pandemia. Porque acreditamos na nossa função e nos princípios desta emissora. Essa, sim, do povo brasileiro. Não é necessário descrevermos aqui a mais nova absurda declaração feita pelo apresentador. Os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial estão entre as maiores vergonhas da humanidade.

A necessidade de manter a população em casa é, segundo todas as autoridades de saúde do mundo, a única medida a ser tomada para diminuir o número de mortos. Um apresentador, que tem o privilégio de ser ouvido por todo País, não pode sugerir qualquer orientação contrária a seus telespectadores. É um desrespeito à vida dos que nos assistem e confiam na credibilidade desta emissora. Hoje – e esse número será maior a cada dia -, morrem no Brasil, em média, cento e quarenta pessoas vítimas da covid-19.

O que significa dizer que, enquanto o sr. Marcos Paulo Ribeiro de Morais está no ar, ao vivo, para todo o Brasil, pelo menos 14 famílias perdem pais, avós, irmãos, maridos, esposas, filhos, amigos, enfim… Pessoas que, segundo o apresentador, deveriam estar em “campos de concentração”. Mais do que envergonhar a todos nós, jornalistas, o sr.Marcos Paulo Ribeiro de Morais não está a altura de representar o nome e a história do SBT”.

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