Economia


Governo quer usar repasse de R$ 60 bi para convencer governadores a abrir comércios locais


Publicado 16 de maio de 2020 às 17:23     Por Dhenef Andrade     Foto Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, que prevê o repasse de R$ 60 bilhões em transferências diretas para ajudar municípios e estados a desenvolverem ações de enfrentamento a pandemia do novo coronavírus (covid-19), pode ser usado como moeda de troca para inicio da abertura gradual da economia em junho. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo, neste sábado (16).

De acordo com o governo federal, a abertura da economia não seria linear. Começaria nos municípios menos atingidos pela Covid-19 e com normas sanitárias definidas, como uso obrigatório de máscaras, álcool em gel, distanciamento e entrada controlada de consumidores nos estabelecimentos. Para implementar a ação, será necessário um plano desenvolvido pelo Ministério da Saúde, mas com saída de Nelson Teich do comando da pasta, na sexta-feira (15), estratégia está sendo revisada.

Embasados pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), estados e municípios não estão obrigados a acatar a abertura do comércio, defendida pelo gestão de Bolsonaro, como ocorreu com o último decreto presidencial que autorizou o funcionamento de academias, barbearias e salões de beleza no país. Entretanto, com a crise na arrecadação, os entes federativos necessitam com urgência dos recursos e já há a possibilidade de atraso no pagamento de salários dos servidores.

A negociação começa nos próximos dias e já na quinta-feira (21), o presidente anunciou que terá uma reunião por videoconferência com os governadores. Em conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro foi aconselhado a se reaproximar dos gestores locais.

Integrantes do Ministério da Economia argumentam que, se não houver uma conciliação, a abertura ocorrerá de qualquer jeito e será descontrolada. A equipe econômica defende que a economia brasileira não suporta mais dois meses de fechamento e teme falências de empresas.

O ministro da pasta, Paulo Guedes, afirmou, em entrevista na sexta, que não concorda com o uso de “cadáveres para fazer palanque”. “Vamos nos aproveitar de um momento desse, da maior gravidade, de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? Isso é inaceitável, a população não vai aceitar. A população vai punir quem usar cadáveres como palanque”, disse Guedes.



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