Política


“Tem alguma coisa de podre no reino do Brasil”, diz editorial do Le Monde sobre Bolsonaro


Publicado 19 de maio de 2020 às 07:57     Por Redação AjuNews     Foto Reprodução / Le Monde

“Tem alguma coisa de podre no reino do Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro pode afirmar que a Covid-19 é uma “gripezinha”, um produto da imaginação histérica dos meios de comunicação”. É assim que começa o editorial do jornal Le Monde, em sua edição impressa desta terça-feira (19).

O trecho faz referência à famosa frase “há algo de podre no reino da Dinamarca”, escrita por Shakespeare em 1600 na tragédia “Hamlet”. O jornal francês condena com veemência o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A publicação destaca ainda que o presidente participa de manifestações sem tomar a menor precaução com o distanciamento social, exorta prefeitos e governadores a abandonar as restrições contra o coronavírus e finge que a epidemia está acabando no país.

“Ora, em 72 horas, o Brasil ultrapassou 254 mil diagnósticos e se tornou o 3º país com mais casos de Covid-19 no mundo, superando o Reino Unido, que tem cerca de 250 mil infectados, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Rússia”, relata Le Monde.

“Tem algo de podre no Brasil quando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araujo, diz que o coronavírus é resultado de um complô comunista (…) quando o ministro da Saúde Nelson Teich pede demissão no dia em que o país atinge 240 mil casos da Covid-19”, acrescenta.

O editorial destaca também que o Brasil atravessa uma crise que lembra as horas mais sombrias da ditadura militar, no entanto, aponta uma diferença importante. “Enquanto no passado os generais reivindicavam a defesa de uma democracia atacada, o Brasil de Bolsonaro habita um mundo paralelo, um teatro do absurdo onde os fatos e a realidade não existem mais. Nesse universo sob tensão, alimentado por calúnias, incoerências e provocações mortíferas, a opinião se polariza a partir de ideias simplistas, mas falsas”.

Ainda de acordo com o jornal, “o negacionismo alimentado pelo poder (…) e a aposta política inacreditável de Bolsonaro, que pensa que os efeitos devastadores da crise na saúde serão atribuídos a seus opositores, mostra que esse obscuro ex-deputado de extrema direita não tinha nada de um homem de Estado”.

Além do editorial e de uma reportagem de página inteira, a charge de capa do Le Monde, assinada pelo desenhista Plantu também critica o Brasil. Na imagem, uma família francesa faz um passeio em uma floresta recém-aberta, com todos de máscara, enquanto um indígena brasileiro aparece sem defesas orgânicas em meio a tocos de árvores da Amazônia destruída.

 

 



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