Economia


Sem alvará para comercialização de fogos, vendedores lamentam prejuízo em Aracaju


Publicado 19 de junho de 2020 às 06:01     Por Roberta César     Foto Reprodução / Governo de Sergipe

O período junino este ano está bastante diferente por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Para aqueles que adoram soltar fogos de artifícios, tradição nesta época, há uma dificuldade para comprar os objetos. Isso por que os estabelecimentos que vendem fogos estão proibidos de abrirem por causa dos decretos governamentais de enfrentamento a covid-19 e não têm alvará para comercialização.

Em entrevista ao AjuNews, a comerciante Gilvanete Santos, que vende fogos há quase 10 anos, montou uma barraquinha na frente da sua para tentar driblar a crise e faturar uma renda extra. Gilvanete relatou as dificuldades nas vendas, além dos prejuízos que a pandemia trouxe aos comerciantes e autônomos.

“A diferença é que eu peguei com bem menos quantidade e o movimento está bem fraco e a diferença está bem grande, não resta dúvida. Como foi antecipado o feriado de São João a gente não sabe como vai ser, então estamos deixando nas mãos de Deus para ver como é que vem as vendas. A expectativa é que eu possa vender o que eu peguei para não ficar mais no prejuízo”, disse.

A comerciante destacou o receio que tem em vender os fogos pois sabe das proibições. “Sei que está difícil, que tem as restrições, mas a gente pelo menos tenta”, ela ainda disse que até agora nenhum órgão de fiscalização foi até a barraca dela, o que causa um alívio para Gilvanete e sua família.

Ela ainda contou que as vendas este ano estão devagar e que ainda não deu para faturar. “Eu vivo disso, não sou aposentada nada. Quando acaba o período junino eu volto para a outra atividade [comerciante de frutas]. “Porque a gente ainda continua pagando as dívidas, não deixa de não pagar, pelo menos a gente vai tentando”, justificou a comerciante.

Já outro comerciante, que preferiu não se identificar, relatou que aguarda o posicionamento dos órgãos fiscais para reabrir o estabelecimento. Ao AjuNews ele contou que o terreno onde ficam quatro barracas de fogos de artifícios é particular.

“As barracas estão fechadas, até agora não abriram. Os Bombeiros mandaram um manifesto que até agora não vai abrir nada. A gente tem que aguardar as autoridades é elas que vão decidir o que vão fazer e a gente tem que acatar a ordem deles e seja o que Deus quiser. Por enquanto está tudo fechado, a gente não pode vender nada”, disse.

Ao ser questionado pela reportagem sobre os prejuízos de não poder abrir as barracas, o comerciante lamentou e ressaltou que é um “prejuízo calculado”.

Fiscalização da comercialização de fogos e fogueiras

Nesta quinta-feira (18), o Ministério Público de Sergipe (MP-SE), expediu ofícios ao Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBM-SE), à Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e à Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (DFAE) da Polícia Civil (PC) para obter informações sobre a não expedição de alvarás para comercialização de fogueiras e fogos de artifícios em Aracaju no período da pandemia.

Segundo a promotora de Justiça Euza Missano, “o CBMSE e a Emsurb emitem apenas alvará para comercialização de fogos de artifícios se houver autorização da DFAE. A Divisão não emitiu nenhuma autorização esse ano. O MP fiscalizará a venda clandestina e espera contar com os consumidores nas denúncias dos pontos de comércio”, frisou.

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), recomendou no novo decreto municipal divulgado, nesta quarta-feira (17), que a população não acenda fogueiras e nem fogos neste período junino.

“O coronavírus ataca principalmente os pulmões e a fumaça pode provocar o agravamento do quadro, porque aumenta a incidência de doenças respiratórias. Então estamos recomendando aos aracajuanos que não acendam fogueiras e nem fogos de artifício em comemoração aos festejos juninos”, justificou o gestor.

Procurado, o CBM-SE informou que o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), é quem vai deliberar sobre a autorização para a vendas de fogos. Já a Secretaria de Comunicação (Secom) do Estado, disse que o governo ainda está discutindo sobre o assunto.



Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso