Saúde
Festa em Brasília teve teste de covid-19 com interpretação errada dos resultados
Um vídeo que circulou nas redes sociais neste fim de semana mostrava duas profissionais da saúde na recepção de uma festa em Brasília. Na entrada do evento todos os convidados tinham que realizar o teste rápido para detectar a covid-19 e só poderiam entrar se o resultado fosse negativo. Mas os testes rápidos que foram usados mostram se a pessoa tem ou não anticorpos para a doença. As informações foram publicadas pela Folha de São Paulo, neste domingo (21).
O problema disso tudo é que as pessoas que foram permitidas a entrar na festa tiveram resultado negativo no teste, ou seja, que não tiveram contato com o vírus, portanto, estavam suscetíveis a contrair a covid-19. De acordo com a publicação, o teste rápido não dá um diagnóstico se a pessoa tem coronavírus ou não. E além disso, tem baixa eficácia.
“A gente demora de 12 a 15 dias para ter o anticorpo [relativo ao coronavírus] no sangue. Podemos estar contaminados, transmitindo o vírus e sem sintoma, e o teste rápido não detecta”, explicou a pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak.
A pesquisadora destacou que o teste rápido que foi utilizado mostra a existência de dois tipos de anticorpos para aqueles que já tiveram contato com o vírus: o IgM (quando a infecção é recente), e o IgG (um tipo de longa duração).
Ainda segundo ela, alguns estudos sobre o Sars-Cov-2 (covid-19) revelam que, após 60 dias a concentração de IgG abaixa de uma forma que o teste rápido não detecta.
“Reunir pessoas nesse momento já é errado, usar os testes pouco confiáveis também. Se foi usado com essa interpretação equivocada, liberando quem teve o resultado negativo, é pior ainda”, afirmou a pesquisadora. “Esses testes são úteis para estudos epidemiológicos, não para diagnóstico. Não deveriam ser vendidos em farmácias jamais,” completou.
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