Cultura


Sem apresentações e com prejuízos, quadrilhas juninas de Sergipe se reinventam com lives para ajudar artistas


Publicado 23 de junho de 2020 às 10:00     Por Roberta Cesar     Foto Divulgação / Governo de Sergipe

A época dos festejos juninos é sinônimo de alegria, confraternização, festas, shows, quadrilhas, fogueiras e, claro, muita comida típica. No entanto, este ano o período junino será bastante diferente por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Devido a suspensão das apresentações e concursos, integrantes de quadrilhas juninas, um dos maiores símbolos dos festejos de São João, estão passando por dificuldades financeiras. Diante da situação, organizadores decidiram fazer lives solidárias para ajudar os artistas neste momento. Em entrevista ao AjuNews, quatro representantes de quadrilhas juninas em Sergipe relataram prejuízos e como estão enfrentando esse primeiro ano sem apresentações.

Quadrilha Século XX
O marcador Joel Reis contou sobre dificuldade financeira que os quadrilheiros e músicos estão passando neste momento. Para tentar arrecadar fundos e ajudar a comprar cestas básicas para os integrantes, a quadrilha está fazendo lives solidárias e uma gincana virtual.

Na live prevista para o dia 29 de junho no canal do youtube da quadrilha, o marcador contou que o objetivo será arrecadar agasalhos e alimentos para ajudar os componentes e o trio musical. “Neste momento estão passando por uma fase difícil, muitos não trabalham, infelizmente perderam seus empregos, outros com muita dificuldade para se alimentar e a gente criou essa gincana com o objetivo também de arrecadar alimentos”, explicou Joel.

O marcador afirmou que muitos quadrilheiros além das dificuldades ainda estão desenvolvendo um quadro de ansiedade, nervosismo e a gincana virtual serve para que os membros conversem e relatem um pouco sobre este momento. “Nessas lives a gente tenta passar para eles um momento de calma, de tranquilidade”, frisou.

Ele ainda contou à reportagem que a quadrilha teve alguns prejuízos financeiros por já ter investido no trio, contratado costureira, estilista, coreógrafos, entre outros.

Quadrilha Junina Arryba Saia
A quadrilha está fazendo lives solidárias para arrecadar fundos para os músicos e pessoas carentes“A ideia de fazer a live foi em prol dos músicos pela dificuldade que está sendo para eles não ter São João esse ano. Então veio a ideia de criar essa apresentação para as pessoas que estão em casa. Veio a ideia de arrecadar fundos tanto em prol dos músicos tanto em prol das pessoas carentes, não foi fácil mas nós conseguimos alcançar o objetivo que foi levar música nas casas das pessoas, música autêntica, pé de serra através da banda Arryba do Forró e também arrecadar conteúdos para a mesa de quem precisa, explicou o presidente André Nithiva.

Ele ainda contou com tristeza como está sendo este período. “O enfrentamento dela está sendo muito difícil porque somos amantes para os festejos juninos, amantes da dança, amantes da cultura e é muito complicado saber que não vai ter São João, saber que não vamos poder colocar o nosso figurino, levar os arraiás, levar as pessoas que vão nos assistir, mas vamos confiar em Deus e sabemos que tudo isso vai passar e logo podemos estar juntos para poder festejar os festejos juninos”, completou.

Quadrilha Unidos em Asa Branca
O presidente Marcos Borges relatou as dificuldades e prejuízos que a pandemia trouxe para a quadrilha. “É muito complicado, só para você ter uma ideia a gente tinha basicamente 70% do trabalho todo pronto, pode-se dizer. A gente já iria começar a entrar nas partes dos detalhes, confecção do traje, a gente já tinha traje definido então é muito difícil. Mas a gente entende que é algo que não afeta somente a cultura junina”, destacou.

Ao ser questionado sobre os prejuízos financeiros, Marcos contou à reportagem que a Unidos em Asa Branca tem um custo anual de 100 mil reais fixo e que basicamente esse ano não conseguiu arrecadar nenhum valor, que advém de patrocínio ou de algum concurso que por ventura a quadrilha ganhe.

“A gente teve essa dificuldade esse ano porque não teve como participar dos concursos, o que se consegue por meio de alguns editais da cultura a gente sabe que o objetivo é tentar ajudar, é tentar favorecer, mas em detrimento do que se gasta e das necessidades que se tem é muito aquém ainda, então o prejuízo é incalculável”, ressaltou.

Para o presidente, o que mais pesou foi o fato da quadrilha estar completando 40 anos justamente este ano. “Eu acho que para a gente o que tenha pesado mais é que a gente estaria completando 40 anos agora nesse São João. E certamente isso a gente tinha envolvido durante todo o ano não só um trabalho que a gente acredita que seria muito exitoso, muito bonito, mas também outras comemorações, outras festividades alusivas a esse aniversário de 40 anos”.

Quadrilha do Colégio Cândido Portinari
A quadrilha começou em 2016 em um evento junino do colégio. O professor, quadrilheiro, organizador e fundador da quadrilha, Breno Matos, relatou à reportagem todas as mudanças de planos que a pandemia causou. Quando eu apresentei o projeto para 2020 todo mundo ficou muito surpreso com o que a gente iria fazer. A gente já estava com planos de dar um salto na nossa carreira junina, tentando entrar como uma quadrilha profissional para concorrer nos concursos. É um objetivo que tenho e foi muito difícil lidar com esse período”, disse.

Para tentar matar a saudade, os quadrilheiros farão uma live no canal do Youtube da escola. “A live vai ser para substituir o arraiá que seria presencial, mas vai ter que acontecer de forma virtual por conta do período da pandemia”, ressaltou. Breno ainda revelou que as coreografias foram adaptadas para que sejam feitas de forma individual, cada quadrilheiro em suas casas. “O que é muito difícil, já que a quadrilha é dançada em par”, acrescentou.



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