Os técnicos do Ministério da Saúde que integram o comitê sobre o novo coronavírus informaram em maio ao ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que sem a adoção das medidas de isolamento social, os impactos da covid-19 podem ser sentidos por até dois anos. A informação é de matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com a reportagem, Pazuello, que é o terceiro ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia, foi informado que o distanciamento é “favorável” até para o retorno mais rápido da economia. Segundo registrado na ata de reunião do Comitê de Operações de Emergência (COE) do Ministério e revelado pelo Estadão, foi dito que: “Sem intervenção, esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à população que vai se recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste maior ou igual ao isolamento na economia”.

O documento ainda prevê a criação de outras medidas de combate, como um aplicativo para monitorar pacientes diagnosticados com Covid-19 e até dez pessoas que tiveram contato com este, e um protocolo que “atenda nossas necessidades específicas” de atendimento. Nenhum dos projetos, de acordo com o jornal, chegou a sair do papel.

O Comitê de Operações de Emergência foi criado em fevereiro com o objetivo de coordenar a resposta à Covid-19, encaminhando relatórios ao Ministério da Saúde sobre as ações tomadas na pasta. As reuniões são realizadas periodicamente entre secretários do Ministério, representantes de Estados e municípios e gestores de órgãos de saúde.

Procurado pelo Estadão, o Ministério da Saúde informou que a portaria publicada em 19 de junho, e que estabelece orientações para o controle da Covid-19 (como distanciamento social, higienização de ambientes e uso de equipamentos de proteção) foi resultado da reunião do COE citada na matéria.