Sete em cada dez brasileiros, o equivalente a mais de 150 milhões de pessoas, dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer tratamento. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (4), referentes ao ano de 2019.

De acordo com a pesquisa, no ano passado, 59,7 milhões de pessoas possuíam algum plano de saúde, seja ele médico ou odontológico. O valor corresponde a 28,5% da população do país. Sendo assim, 71,5% dos brasileiros não possuem qualquer plano privado de saúde, e só podem fazer tratamentos, atendimento hospitalar, e outros serviços de saúde no sistema público.

“As estimativas da PNS 2019 apontam, também, uma relação direta entre a cor ou raça e nível de instrução e a cobertura de plano de saúde, destacando-se, nesse sentido, as pessoas brancas ou com ensino superior com as maiores proporções de cobertura”, afirmou o IBGE.

De acordo com os técnicos que desenvolveram o estudo, os números mostram “forte dependência da população brasileira em relação aos serviços de saúde pública, uma vez que 71,5% das pessoas não têm acesso à saúde suplementar”.

A desigualdade também é perceptível nas regiões brasileiras. Em São Paulo e no Distrito Federal as proporções de pessoas com planos médicos particulares estão acima da média nacional, com 38,4% e 37,4% dos moradores com planos de saúde, respectivamente. Enquanto os estados do Maranhão (5,0%), Roraima (7,4%), Acre (8,3%) e Amapá (8,7%) têm as menores proporções do país.

“A gente viu que [a proporção de planos de saúde] está diretamente relacionada com o rendimento das pessoas. O plano de saúde é um serviço de luxo, um serviço caro, e, quando a gente tem o SUS para atender, o plano não é a prioridade quando a pessoa tem de fazer escolhas”, alegou a pesquisadora do IBGE e coordenadora de trabalho e regimento da pesquisa, Maria Lucia França Pontes Vieira.