Artigo
Kamala
Já se fez na História, assim Kamala Harris iniciará a partir de janeiro de 2021 a caminhada como vice-presidente eleita dos Estados Unidos. Primeira mulher, negra e filha de imigrantes a ser eleita para o cargo. Harris dedicou parte de seu discurso a exaltar as conquistas das mulheres, em especial, as dos Estados Unidos, que este ano faz o primeiro centenário da conquista do voto feminino americano. Kamala estava de branco, como se vestiam, em geral, aquelas sufragistas.
O movimento sufragista americano foi fortemente inspirado pelo inglês, mas as primeiras reivindicações americanas surgiram ainda no século XIX, quando mulheres intelectuais americanas começaram a questionar o sistema patriarcal, que as impediam dos mesmos direitos que os homens. No fim do século XIX se juntaram também ao movimento trabalhadoras negras, buscando igualdade de gênero entre os trabalhadores homens e mulheres.
Kamala remete o seu discurso a essas mulheres: “Estou pensando nelas e nas gerações de mulheres negras, asiáticas, brancas, latinas e indígenas que, ao longo da História de nossa nação, pavimentaram o caminho para o nosso país nessa noite”. Afirmou, verdadeiramente, que ali estava por conta dessas conquistas femininas, árduas, certamente, mas focadas em igualdade. Quem dirá que não? Kamala, inegavelmente, passou a ser uma influencer de almas para meninas negras, filhas de imigrantes…em todo o mundo, não apenas para as pequenas americanas.
Em verdade, no entanto, o primeiro país democrático a reconhecer o direito ao sufrágio feminino foi a Nova Zelândia, no ano de 1893, e onde atualmente a sua recém reeleita primeira-ministra, Jacinda Ardern, dá um show de empatia e cuidados com o seu povo. O seu novo governo que ela chamou de “incrivelmente diverso” e no qual uma maioria, de tatuagem tradicional no rosto, vai comandar a diplomacia. A primeira-ministra, de 40 anos, escolheu para o posto de vice-primeiro-ministro, Grant Robertson, que será a primeira personalidade abertamente homossexual a ocupar o cargo de número 2 do governo.
Já por estas plagas, o direito ao voto foi conquistado pelas mulheres em 1932, como parte das medidas de reforma eleitoral promulgadas por Getúlio Vargas. As mulheres sufragistas brasileiras faziam parte da elite intelectual e política, o que, de certo modo, facilitou a obtenção do direito ao voto. Mas foi em 1928, que uma dessas mulheres decididas, na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Celina Guimarães Viana, buscou na justiça a autorização, o direito de votar, justificando que preenchia os requisitos do Código Eleitoral do Rio Grande do Norte, de então, para ser habilitada. O que o juiz aceitou. Há pessoas lúcidas por todo caminha das conquistas humanas. Todavia, foi em 1929, na cidade de Lajes, no Rio Grande do Norte, que Alzira Soriano se tornou a primeira mulher a ser eleita no Brasil, prefeita do município, com o apoio de Juvenal Lamartine.
Sim, Kamala Harris se tornou exemplo para milhões de meninas pelo mundo, que ela possa entender esta responsabilidade e , de fato, fazer o seu melhor.
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio e escreve para o AjuNews.
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