Justiça
Desembargador que humilhou guarda diz que ele quer enriquecer a sua custa após pagar indenização de R$ 114 mil
Após ser processado por suposta humilhação e ter que pagar R$ 114 mil de indenização, o desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira disse à Justiça que o guarda municipal Cícero Hilário Roza Neto quer enriquecer a sua custa. A informação foi divulgada pelo colunista Rogério Gentile, do Uol, nesta terça-feira (1).
De acordo com o processo, em julho, após ser multado por não utilizar máscara enquanto caminhava em uma praia de Santos, em São Paulo, Siqueira chamou o guarda de “analfabeto”. Ele rasgou a multa e ainda tentou dar uma “carteirada” para se livrar da punição ao telefonar para o secretário de segurança pública do município.
Na defesa apresentada à Justiça, o magistrado alegou que foi vítima de uma “armação” e que, “além da notoriedade, da medalha que ganhou da Prefeitura de Santos, o guarda municipal agora quer enriquecer”. Ele chegou a se desculpar com o guarda em nota pública, justificando o “incidente” por sua profunda indignação com o decreto municipal que tornou o uso de máscara obrigatório durante a pandemia.
O desembargador ainda afirmou que os guardas municipais podem apenas proteger os bens públicos, ou seja, sem poder exercer a preservação da ordem pública, com abordagens ou revistando pessoas. Ele também alegou que, devido a sua indignação com o decreto, começou a ser perseguido e filmado ilegalmente por guardas municipais, que, segundo ele, prepararam um flagrante, provocando-o para que houvesse uma nova discussão.
“No calor do momento, o desembargador usou as palavras, frases e expressões indicadas, mas, em nenhum momento, agiu com dolo”, afirmou à Justiça o advogado Marco Barone, que o representa. “Mas o guarda municipal e seu colega se valeram da filmagem ilegal da armação para ganhar notoriedade, expondo-a nas redes sociais e, posteriormente, na imprensa, fazendo o desembargador parecer o vilão ‘elitista’.”
Segundo o guarda municipal, o desembargador tenta se fazer de vítima da situação que ele próprio desencadeou. “Estes pronunciamentos desabonadores, atestam que sequer foi sincero quando apresentou desculpas expressas”, disse.
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