Artigo
O Brasil esnobando a China?
É óbvio que não sou analista econômico, nem me arvoraria a sê-lo, todavia gosto de ter conhecimento sobre tudo aquilo que se refere ao Brasil, pois como cidadão entendo que precisamos buscar compreender estes imbróglio que na maioria das vezes são criados por interesses meramente pessoais, dos senhores ilustres políticos, gestores de plantão.
Desta forma, e com análise meramente fria de informações e notícias, chama-me a atenção que, após o atrito diplomático com a China provocado por um tuíte do deputado federal, Eduardo Bolsonaro, o presidente da República Jair Bolsonaro afirmou, neste domingo, que as relações do Brasil com o país asiático seguem normais, e que “…não tem problema nenhum com a China. Nós precisamos da China e a China precisa muito mais de nós…”. De certa forma, é natural que o presidente, como pai, fique sempre ao lado dos seus filhos, mesmo que causem dificuldades a ele próprio, e in casu a todos nós brasileiros, isto porque, é bastante vermos em sites sérios de análise e notícias, que a China pavimenta o seu caminho no continente africano, com objetivo, certamente, nada humanitário, mas de visão expansionista de capital, haja vista que o próprio presidente disse em sua visita a Pequim, outubro passado, que “estava em um país capitalista”.
O país asiático tem levado muita ajuda ao povo africano, neste período de pandemia, inclusive sendo chamada de “diplomacia de máscara”, como se estivesse em franco processo de autopromoção. A África é o lugar em que a China mais investe e já superou os Estados Unidos e as antigas potências coloniais europeias como principal parceiro comercial dos africanos. Em 2018, por exemplo, anunciou US$ 60 bilhões para projetos de Cinturão e Rota, como estradas, pontes, portos marítimos, energia e telecomunicações no continente, segundo informações da agência de notícias oficial da China, a Xinhua.
O valor é o dobro do que o país asiático investiu nos países africanos nos últimos anos. É fato que para muitos analistas esta dinâmica são chamadas de neocolonialismo ou neioimperialismo sino-africano com objetivo de produção de alimento para o dragão asiático. Dessa forma, as afirmações do presidente Bolsonaro podem estar, no mínimo, contaminada por questões familiares, que dificultam a estabilidade das relações econômicas entre Brasil e China, que, em verdade, é o que conta para a vida dos brasileiros, pois ao fim e ao cabo tudo é business.
Dessa forma, mesmo não sendo analista de economia, vejo que fica bem claro que não é bom negócio para o Brasil esse atrito, que pode modificar o eixo de interesse chinês. O Brasil não pode jogar fora o que a China tem importado em valores de US$ 54,5 bilhões do Brasil e exportado US$ 19,9 bilhões (balanço até agosto do presente ano) e assim o nosso país é um dos poucos com superávit no fluxo bilateral. O país vendeu US$ 34,6 bilhões a mais do que comprou dos chineses. Penso que apenas e por isso, já deveríamos ser mais pragmáticos no processo de relacionamento com o dragão asiático, mas, pelo jeito, não é assim que veem os responsáveis pelas relações diplomáticas do nosso Brasil e a China.
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio e escreve para o AjuNews.
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