Política
“O PT envelheceu e não conseguiu superar o antipetismo”, diz Gilberto Carvalho
O ex-ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, um dos quadros mais ligados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo sido seu chefe de gabinete pessoal, avaliou o resultado do Partido dos Trabalhadores (PT) nessas eleições municipais, que não elegeu nenhum prefeito nas capitais brasileiras. O ex-ministro-chefe afirmou que “o PT envelheceu e não conseguiu superar o antipetismo”. Segundo ele, “o antipetismo reduziu, mas ele não foi vencido, e foi novamente muito trabalhado, sobretudo na reta final”, disse em entrevista ao site Metrópoles nesta segunda-feira (14).
De acordo com o site, o partido acabou vendo o número de prefeituras encolher de 256, conquistadas em 2016, para 182. Em 2012, a sigla tinha conquistado 630 prefeituras. Durante a entrevista ao site, Carvalho fez o diagnóstico: “O nosso partido, como um todo, padece de dificuldades quando se trata de novos temas”.
Ele apontou que essa avaliação já foi feita pela legenda, e que há, no momento, a esperança de dar uma “sacudida” com o objetivo de se reinventar para sobreviver aos novos tempos. “Nós vamos ter que dar uma sacudida no partido. Vamos ter que passar um arado para dar uma remexida na nossa terra, revigorar. Esse é plano nosso para 2021”, afirmou. “Uma instituição, ela envelhece. Se não tem capacidade de recriar, você tem o risco de desaparecer.”
Pauta identitária
Durante a campanha, no berço São Paulo, Carvalho contou ter observado a movimentação do PSol, que levou a candidatura de Guilherme Boulos ao segundo turno. Na comparação, admite: “A bancada do PSol é mais fulgurante”, elogiou, lembrando o dia a dia da corrida de Jilmar Tatto, que acabou em 6º lugar, com 8,6% dos votos, o pior resultado do partido na corrida pela prefeitura da capital paulista.
“Fundo do poço”
As lideranças do partido são unânimes em reconhecer que o “fundo do poço” foi a eleição de 2016. Carvalho, no entanto, aponta que 2020 não significou a volta por cima que os petistas desejavam. “Nós tínhamos uma expectativa de que 2016 tinha sido o fundo do poço e que, em 2020, a gente conseguiria ter um resultado bastante melhor. Ninguém esperava um resultado espetacular, mas esperávamos um pouco melhor, sobretudo em relação ao número de prefeituras e vereadores”, lamentou.
Auxílio emergencial
Para se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro, uma das primeiras brigas que o partido pretende travar na Câmara, no início do ano, é pela continuidade do auxílio emergencial. “O PT vai lutar pela permanência do auxílio emergencial”, disse.
Lula
De acordo com Carvalho, o ex-presidente Lula é “candidatíssimo”, no entanto, precisa vencer a batalha jurídica para que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheça a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que o condenou em primeira instância, decisão posteriormente referendada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Caso isso ocorra, o processo no qual o ex-presidente é acusado de ter recebido da empreiteira Odebrecht um apartamento no Guarujá, litoral de São Paulo, voltaria à instância inicial e ele se livraria da Lei da Ficha Limpa, que o deixou inelegível.
O problema agora, no PT, é definir o tempo certo de tomar a decisão pela candidatura, caso Lula não consiga se livrar da Justiça. Para Carvalho, o partido não pode cometer o mesmo erro de 2018, quando lançou o nome de Fernando Haddad na corrida presidencial “na 25ª hora”.
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