Saúde
Saúde terá desafios com vacinação, cirurgias represadas e queda no orçamento em 2021, aponta pesquisa
A área da saúde em todo o país inicia 2021 com o desafio de colocar em prática a vacinação contra a covid-19, além de lidar com a sobrecarga gerada pelo aumento de casos da doença e com o impacto de atendimentos represados na pandemia. O aumento na fila de cirurgias eletivas e o risco de queda no orçamento também serão preocupações para este ano. É o que aponta a pesquisa Datafolha, divulgada pela Folha de São Paulo.
De acordo com a Folha, gestores do SUS terão ainda que resolver uma conta que não fecha: a necessidade de incorporar leitos de UTI (cuja oferta já era insuficiente antes da pandemia). Também entraram na lista dos desafios a previsão de piora em indicadores de saúde por atrasos no atendimento de pessoas com outras doenças, como o câncer.
O presidente do Conass, Carlos Lula, conselho que representa secretários estaduais de Saúde, disse ao jornal que “esperamos um ano muito difícil”. “Vamos começar a vacinação muito tarde e, até existir imunização suficiente, leva tempo. Também estamos vivendo um recrudescimento da pandemia, e a tendência é que isso piore”, disse.
Atualmente, a guerra política em torno das vacinas e o atraso na obtenção de doses pelo Ministério da Saúde dificultam uma definição sobre o início da imunização. A situação ocorre em um momento em que o país já soma 7,6 milhões de casos e 195 mil mortes.
Em meio às críticas, a pasta diz negociar cerca de 350 milhões de doses de vacinas. Deste total, 142 milhões já tiveram acordos fechados, e as demais ainda são avaliadas. A oferta depende de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), diz o ministério.
Especialistas, no entanto, disseram ao site que mais acordos já poderiam ter sido acertados e apontam preocupação com outros pontos indefinidos, como o cronograma de vacinação por grupo prioritário e a garantia da oferta de seringas e insumos.
“A vacinação pode até começar em janeiro, mas com as falhas de coordenação nacional e possível disputa entre estados e governo federal, podemos ter um cenário confuso para a população”, afirmou o médico sanitarista e professor na FGV Adriano Massuda.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, diz que vê uma “tripla crise” para o próximo semestre, gerada pelo déficit de leitos, crise em relação a vacinas e a nova alta da covid, em meio ao que chama de “sabotagem” de medidas de prevenção pelo governo.
Segundo a reportagem, em carta na última semana, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), que representa o controle social no SUS, reforçou o risco de sobrecarga do sistema e pede que a população mantenha medidas para diminuir a transmissão.
De acordo com o Conselho, a proposta enviada ao Congresso aponta R$ 123,8 bilhões em 2021 para ações em serviços públicos de saúde para uso, principalmente, na assistência hospitalar e atenção básica, valor equivalente ao de 2017, corrigido pela inflação.
Sobre as críticas de atraso na vacinação, o Ministério da Saúde diz que a previsão é que a estratégia seja iniciada “já no início de 2021” a partir de grupos prioritários. Afirma ainda que a compra de seringas, agulhas e equipamentos de proteção está em andamento e que pretende assinar contratos em janeiro.
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