Com mais de 1 milhão de famílias na fila de espera para liberação do cadastro no programa Bolsa Família, segundo dados do Ministério da Cidadania, documentos internos revelam que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) já havia sido alertado, em fevereiro de 2019, de que verba para o programa não seria suficiente. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de São Paulo, nesta quarta-feira (26).

Ao menos cinco vezes, o Ministério da Cidadania pediu mais dinheiro para que a fila de espera continuasse zerada.Os pleitos, porém, foram barrados pela Junta Orçamentária, formada pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni, até então na Casa Civil e que, na semana passada, passou a comandar o Ministério da Cidadania, responsável pelo Bolsa Família.

Procurado, Onyx não quis comentar as recusas para elevar os repasses que evitariam a queda na cobertura do programa e a barreira a mais de 1 milhão de famílias que pediram o benefício. O programa atende famílias com filhos de 0 a 17 anos e que vivem em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 89 mensais, e pobreza, com renda entre R$ 89,01 e R$ 178 por mês. O valor do benefício, em média, é de R$ 191.

Sem dinheiro, o governo praticamente suspendeu a liberação de novos benefícios, desde junho do ano passado. A tendência é que o número de famílias que aguardam liberação de continuar elevado, e pode chegar a 1,454 milhão no início de 2020, diz nota técnica da pasta.