Política


Deputados de Sergipe propõem moção de repúdio após suposto envio de vídeo por Bolsonaro


Publicado 28 de fevereiro de 2020 às 15:00     Por Redação AjuNews     Foto Jadilson Simões / Alese

Deputados estaduais sergipanos reagiram, nesta quinta-feira (27), à notícia de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria compartilhado via WhatsApp um vídeo convocando a população para atos contra o Congresso Nacional previstos para o dia 15 de março.

Durante sessão na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), o vice-presidente da Casa, deputado Francisco Gualberto (PT), anunciou que dará entrada em uma Moção de Repúdio sobre o pronunciamento do presidente. “Não houve dúvidas sobre o que o presidente queria dizer; não tem nenhuma interpretação outra a não ser de que ele não quer que as instituições democráticas sobrevivam. É deplorável, não aceitável e eu quero sugerir que façamos uma moção de repúdio para que a gente dê entrada aqui na próxima segunda-feira”, disse.

Francisco Gualberto solicitou aos deputados que assinem a moção. O parlamentar acrescentou que a moção de repúdio saindo da Assembleia Legislativa de Sergipe, precisa chegar à nível nacional. “Nós não estamos aqui pedindo atestado ideológico, mas o que está em jogo é se a democracia vai sobreviver? Se observarmos, o governo Bolsonaro está cercado de militares. Nada contra militar ter função de estado, mas se observarmos, todo o primeiro escalão, o segundo, o terceiro e até escolas são hoje coordenadas por militares como se civil não existisse para ajudar a governar o Brasil”, destacou.

Na ocasião, o historiador e deputado Iran Barbosa (PT) lembrou que, historicamente, o Brasil viveu longos períodos de ditadura, com consequências muito severas para a sociedade. “Todos nós, brasileiros, independentemente de posição partidária, mas que temos responsabilidade com o regime democrático, não podemos tolerar qualquer tipo de manifestação que tente fragilizar a nossa incipiente democracia”, defendeu.

Ele ainda acrescentou que qualquer autoridade que, comprovadamente, atente contra as instituições democráticas deve ser responsabilizada. O parlamentar reforçou que a Assembleia Legislativa de Sergipe não pode ficar silenciosa nem omissa diante dos fatos. “Porque não podemos permitir que movimentos de qualquer natureza, organizado por quem quer que seja, atente contra a Constituição Federal e também contra o livre funcionamento dos Poderes Institucionais. Os poderes têm que ser preservados em nome da manutenção da nossa democracia”, afirmou.

O deputado Georgeo Passos (Cidadania), afirmou que só assinará a Moção de Repúdio, caso tenha acesso ao vídeo ou à fala do presidente Jair Bolsonaro. “Nós também somos defensores da democracia, agora, desde quando começaram os comentários, que eu busco esse vídeo do presidente da República, bem como informações concretas que partissem dele, algum ato contra o Supremo ou contra o Congresso. Eu sinceramente ainda não localizei e só assinarei a moção, desde que eu veja o vídeo onde o Bolsonaro pede para as pessoas o fechamento do Congresso e do Supremo. Se tivermos acesso ao vídeo, contem com a minha assinatura, mas se não tiver, não irei assinar”, adianta.

Na mesma oportunidade, Gualberto respondeu: “Ouvi e vi manifestações de representantes do Supremo Federal, do presidente da Câmara dos Deputados; ouvi repúdios por parte de membros do Senado, de juristas e artistas. Não é possível que todos esses setores estão aleatoriamente tecendo comentários a respeito desse vídeo. Eu não tenho vídeo para lhe mostrar, mas a repercussão de todos que condenam o vídeo”.

O deputado Iran Barbosa afirmou que será o signatário e anunciou que entrará com duas moções, sendo um de protesto. O deputado Adailton Martins (PSD), se mostrou preocupado com a situação e anunciou que assinará favorável. “Diante de um tema tão preocupante, não podia deixar de externar a nossa preocupação com esses desmandos e essas palavras que vem do presidente da República. Quando nós vemos nas redes sociais, alguns aliados e admiradores, que é melhor fechar o Congresso, fechar o Supremo, então fecharia as assembleias legislativas e isso é um retrocesso à democracia”, avaliou.

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