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Apresentadora Ana Paula Padrão conta como furou bloqueio do Talibã e fugiu de madrugada
A apresentadora Ana Paula Padrão esteve no Afeganistão nos anos 2000, 2001, 2004 e 2011 e vivenciou de perto as opressões do Talibã quando assumiu o controle do país. Ao blog Splash, do Uol, a jornalista contou como foram suas experiências no Afeganistão.
Ana Paula comentou que sua primeira vez no país foi em junho de 2000, e o Talibã governou entre 1996 e 2001. “Demorei um ano e meio para conseguir o visto. Fiquei negociando com representantes fora do país. Consegui convencê-los a dar o visto para duas mulheres de uma equipe de três pessoas. Eu, Guta Nascimento (produtora) e Hélio Alvarez (cinegrafista)”, afirmou.
“Consegui isso contanto que assinasse documentos na entrada me comprometendo a seguir as regras deles, que eram basicamente não filmar nada sem autorização, jamais conversar com nenhum afegão, ser acompanhada permanentemente por um representante do governo e, ao entrar no país, ir direto me apresentar para o Ministério das Relações Exteriores ou qualquer coisa semelhante a isso, porque não tinha nenhuma relação exterior. Claro que não fiz nada disso”, complementou a apresentadora.
De acordo com uma jornalista, o governo afegão colocou um homem para acompanhar a equipe de reportagem que só os deixava filmar as instalações do governo, o museu de Cabul. Ana Paula revelou que ela e sua equipe filmavam metade do dia com o homem e o resto ela fugia com a produtora pela porta de trás do hotel com câmera escondida para produzir outros conteúdos.
“Alguns dias, eu disse que havia ficado doente com a comida e pedi para o cinegrafista sair com ele para fazer imagens de nada”, contou a repórter. “Nesses momentos, consegui fazer a escola clandestina de mulheres, cooperativas clandestinas de mulheres…. Tínhamos uma quarta pessoa, que foi um guia local. Ele estava baseado no Paquistão e se chamava Kamal. Era muito experiente e ajudou muito”, relembrou.
A jornalista relatou que o representante do governo pediu todas as fitas antes de sairmos do Afeganistão. “O guia falou, entrega uma fita que o cinegrafista tenha feito junto com ele e diz que você entrega todas as outras amanhã cedo porque você tem que retirar da câmera”. Segundo a apresentadora, os afegãos, embora tivessem pedido as fitas, eram muito rudimentares no conhecimento de tecnologia de comunicação. O homem ficou com a fita que não tinha nada importante e a equipe brasileira fugiu de madrugada.
Ainda na oportunidade, Ana Paula Padrão, contou como conseguiu fugir do país. “O Kamal colocou no nosso carro adesivos da ONU, que não sei como conseguiu. Ele usou um turbante para parecer que era um talibã levando uma equipe da ONU para o sul do país”. A jornalista relatou que as punições eram ‘suaves’, como perder a mão e ser apedrejada em praça pública. “Foi o momento que mais tive medo. E não queria perder o material que tinha conseguido”, comentou.
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