Artigo


O racismo de sempre


Publicado 11 de outubro de 2020 às 08:08     Por José Medrado*     Foto Divulgação

Parece algo surreal, como se estivéssemos vendo algum filme de ficção, quando alunos do 1º ano da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo denunciaram o professor Ronald Sergio Pallotta Filho, que durante uma aula online na última terça(6), usou uma máscara preta para ensiná-los como se relacionar com pacientes pobres nos consultórios médicos.

O médico veio a público pedir desculpas, mas já havia evidenciado o que de há muito temos ouvido, lido sobre o que seja racismo estrutural. O portal Brasil de Direitos conceito como racismo estrutural a “naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro, e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial”. Acrescentaria: que surge e é visto sem qualquer constrangimento.

O racismo estrutural infelizmente, é fato, faz parte integrante do meio social, onde só por ser negro, o cidadão já é seguido, revistado em lojas…São ações conscientes e inconscientes, e que nós, como sociedade, vamos, tristemente, aceitando, como que nos acostumando, naturalizando a violência contra pessoas negras, apenas por serem negras, como se fossem subclasse.

Constatamos ainda que, ao lado de toda a agressão direta e pessoas que sofrem, mesmo sendo a maioria da população que se declara negra, no ano de 2019, 65% dos brasileiros. Vemos ainda a tal infeliz naturalização na linguagem, nos costumes até na composição dos Poderes de Estado. Vejamos: o Brasil está no seu 38º Presidente da República. Sabe quantos presidentes negros nosso país já teve? Um. Alguns estudiosos defendem que Nilo Peçanha foi o primeiro (e até agora único) presidente negro do Brasil.

Um país que possui mais da metade de sua população negra, só elegeu um presidente da mesma etnia. Não parece razoável, sobretudo quando se levantam teorias de merecimentos, lutas pessoais, mas como esperar igualdade de condições, quando no ato da tal abolição os negros foram jogados nas ruas, sem terra, sem renda e precisavam alimentar suas famílias, sobreviverem?
A verdade é que não podemos apenas não sermos racistas, precisamos ser antirracistas.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio e escreve para o AjuNews.



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