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Carta de indígenas denuncia pressão de Damares para reduzir terra demarcada, diz jornal


Publicado 01 de dezembro de 2020 às 10:00     Por Fernanda Sales     Foto Marcelo Camargo / Agência Brasil

Um grupo de indígenas da etnia Parakanã, que vive na terra indígena Apyterewa, no sul do Pará, acusou o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), comandado pela ministra Damares Alves, de intermediar e participar de uma reunião “surpresa” com fazendeiros para pressionar caciques a aceitar uma proposta de acordo que inclui a redução do tamanho da área destinada aos indígenas. As informações são do jornal O Globo e divulgadas pelo Metrópoles.

De acordo com a reportagem, a informação está em uma carta divulgada no domingo (29) e em depoimento feito ao Ministério Público Federal (MPF) aos quais o jornal teve acesso. Um índio, ouvido em depoimento, contou que lideranças ficaram presas e sem comunicação externa em uma fazenda por três dias até concordarem com a redução das suas terras.

Segundo o jornal, a pasta não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem e também não houve resposta da vice-presidência e da Funai, órgãos que também foram procurados.

Na tarde desta segunda-feira (30), a ministra criticou em suas redes sociais as informações divulgadas na matéria. “Matéria enviesada e mentirosa. Publicada sem nem ter nosso lado. Não quis saber. Fomos lá mediar, encerrar um conflito, pacificar com o objetivo de evitar confronto. E a pedido da PF. Queriam sangue de indígenas e agrários, é isso? Facilita o discurso ideológico? Francamente…”, publicou Damares.

Região é alvo
Localizada entre os municípios de São Felix do Xingu e Altamira, no sul do Pará, a terra indígena Apyterewa tem aproximadamente 773 mil hectares e foi homologada em 2007. A região é alvo de grileiros, fazendeiros e madeireiros.
Em maio de 2020, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu um pedido da prefeitura de São Félix do Xingu para que fosse iniciado um processo de conciliação com os índios para a redução do tamanho do território indígena.

A Associação Tato’a, que congrega lideranças da etnia Parakanã, registra relatos na carta de que caciques foram surpreendidos por uma reunião iniciada no dia 18 de outubro, na sede de uma fazenda irregular, dentro da terra indígena. A reunião contou com a presença de fazendeiros e uma comitiva do MMFDH.

De acordo com a reportagem, em depoimento prestado na semana passada ao MPF, um indígena que participou da reunião em outubro diz que as lideranças foram vítimas de uma “armadilha” presenciada e intermediada por ao menos um servidor do MMFDH. Ele informou ao MPF ainda que os indígenas ficaram “presos” na sede de uma fazenda ilegal por três dias até que algumas lideranças concordassem com a proposta de redução da terra.

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