Economia


Home office expõe desigualdades entre regiões e classes trabalhadoras na pandemia, diz IBGE


Publicado 31 de agosto de 2020 às 11:44     Por Eduardo Costa     Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com a pandemia do novo coronavírus, o trabalho remoto, ou “home office”, tornou-se uma rotina para muitas pessoas. Mas após seis meses de pandemia, ele tem exposto muitas desigualdades. Segundo a Folha de São Paulo, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria dos trabalhadores em home office está concentrada no Sudeste e entre pessoas de maior remuneração e escolaridade.

Os dados apontam que, em julho, dos 8,4 milhões de trabalhadores remotos no Brasil, 4,9 milhões estavam no Sudeste, região de profissionais mais qualificados e de mais renda. Em compensação, na região Norte, a mais pobre do país, apenas 252 mil trabalhadores estavam em tais condições.

Em proporção, a média nacional é de 10% da população trabalhando em casa. No caso do Sudeste, 13% da população está em home office. No Sul e no Centro-Oeste, a porcentagem é de 9%. Já no Nordeste é de 7,8% e no Norte apenas 4%. Os números reforçam questões econômicas e estruturais, como concentração de empresas, acesso à internet e tecnologia.

Entre os trabalhadores remotos, quase 73% (o equivalente a 6,1 milhões) possuem ensino superior completo ou pós-graduação. Já entre os que não completaram nem o ensino fundamental, são apenas 70 mil pessoas.

Em se tratando de trabalhadores informais, eles eram 15% dos que estavam em casa. Mas no mercado como um todo, de acordo com o IBGE, são 40% dos empregados no segundo trimestre. Destes, 57,9% da população no Norte está empregada informalmente. Já no Sudeste, régua de comparação oposta, o número é de 31,5%.

O IBGE aponta que os mais qualificados trabalham em casa. Diretores e dirigentes de empresas representam 8% dos que estão em home office. A maior porcentagem está no Sul, com 4,3%. Já no Norte e no Nordeste, respectivamente 1,8% e 2,5%. A preservação de empregos mais qualificados com o home office acabou fazendo a média salarial crescer, e segundo o IBGE, chegar a R$ 2,5 mil.

Um último número que chama a atenção é sobre os profissionais de áreas da ciência ou afazeres intelectuais. Eles são 13,5% da força trabalhadora, mas na pandemia chegaram a representar 50% dos que estavam trabalhando em casa.

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