Política


Rodrigo Maia diz que bloco de sucessão na Câmara é sinal forte sobre aliança para 2022


Publicado 29 de dezembro de 2020 às 09:40     Por Fernanda Sales     Foto Luis Macedo / Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após três mandatos seguidos à frente da Casa, encerra em fevereiro de 2021. Em entrevista à Folha de São Paulo, ele avaliou que a marca da sua gestão foi recuperar o protagonismo do Parlamento, além de ressaltar o papel do Congresso no combate à pandemia. Segundo Maia, seu grupo na disputa da sua sucessão reúne 280 deputados e, na sua avaliação, é um ensaio para a eleição presidencial de 2022 e “um grande passo” para diminuir as radicalizações no país.

Nos últimos dias, Maia anunciou a formação do seu bloco, que reúne deputados de partidos de centro-direita e direita (DEM, MDB, PSDB e PSL) e de oposição, como PT, PC do B, PDT e PSB. O candidato é Baleia Rossi (MDB-SP), que vai disputar o cargo com Arthur Lira (PP-AL), líder do chamado bloco do centrão e apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Questionado pelo jornal sobre a sua gestão, o deputado afirmou que, “na pandemia, se não fosse o Congresso, a maioria dos projetos mais importantes não teria andado. Acho que foram dois anos de uma experiência muito interessante e perigosa nesse enfrentamento, que chegou até a se jogar fogos em direção ao Supremo Tribunal Federal”.

À Folha, Rodrigo Maia disse que não está rompido com Paulo Guedes, que não precisa ter diálogo com ele. “Votamos tudo sem a gente precisar ter um diálogo”.

Algumas votações defendidas por Maia não ocorreram, a exemplo da PEC Emergencial, que poderia abrir espaço para ampliar o Bolsa Família. Do ponto de vista de Rodrigo Maia, foi um erro deixar para 2021. “A gente deveria ter avançado, com toda polêmica. Porque era um desgaste menor abrir espaço no Orçamento e garantir a ampliação do Bolsa Família do que deixar milhões de brasileiros sem nenhum tipo de proteção, mesmo que a proteção fosse um valor menor que o valor do auxílio emergencial. Por isso que eu sempre defendi que a reforma mais importante naqueles últimos meses era a PEC Emergencial. Por isso defendi a não entrada em recesso por parte do Congresso, mas o governo interpretou isso como uma tentativa de usar o plenário da Câmara na minha sucessão”, explicou.

Sobre a reforma tributária, Maia respondeu: “Mexer nos tributos sem estar organizado com a Receita, com os técnicos do governo… seria um capricho meu tentar avançar sem isso estar bem organizado. Voto tem, e tenho certeza de que no início do ano vai ser votado, mas a questão política prevaleceu em detrimento da sociedade brasileira”.

Com relação à Baleia Rossi, candidato do seu bloco, Maia avalia que caso ele vença as eleições, não acha que ele possa enfrentar obstrução no início dos trabalhos. “Porque a base do governo acabou sendo usada pelo interesse do candidato do presidente Bolsonaro. Acabada a eleição, acabou essa disputa”, disse durante a entrevista.



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