Uma travesti negra foi filmada com os pés amarrados e recebendo golpes de pedaço de madeira dentro de um porta-malas em Teresina, no Piauí, na presença de guardas municipais. As imagens foram divulgadas nas redes sociais nesta segunda-feira (19).

O caso ganhou repercussão após a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) cobrar posicionamento da prefeitura da cidade, do governo do estado e da Guarda Civil Municipal (GCM), sobre o porquê dos guardas aparecerem no local e não socorrerem a vítima.

Nas imagens é possível ver que a vítima é jogada no chão com os pés amarrados e os guardas a algemam depois que a corda é retirada dos tornozelos. Ela ainda aparece sendo conduzida à caçamba da viatura da GCM e um dos agressores aparentemente é levado pela guarda, mas a filmagem é interrompida.

De acordo com a gerente de enfrentamento à LGBTfobia da Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria Estadual de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos do Piauí, Joseane Borges, a travesti foi colocada em liberdade logo em seguida. Ela está sendo procurada para fazer o encaminhamento aos serviços de assistência social.

“Os relatos são de que ela já era conhecida por praticar furtos e ontem disseram que ela furtou um botijão de gás de uma residência e um colar de um morador, que ela vive em situação de rua e teria problemas psicológicos”, afirma. “Se ela errou, que ela pague pelo crime dela, mas não dessa forma. Nós temos leis e uma pessoa não pode ser torturada num Estado Democrático de Direito”, acrescenta.

Joseane comentou também sobre o comportamento da GCM. “Eles foram omissos com as agressões que ela sofreu, a algemaram e não chamaram a polícia como deveria ser feito”, critica. “Não podemos justificar um crime cometendo outro, ainda mais se tratando de uma travesti negra, que é a população que mais morre entre os LGBTs. É tortura”.