Polícia


‘Vovô pode sair para rua agora’, disse menina estuprada por quatro anos após saber da prisão do tio


Publicado 19 de agosto de 2020 às 09:41     Por Peu Moraes     Foto Elza Fiuza / Agência Brasil

A criança de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio no Espírito Santo, disse em tom aliviado depois de saber da prisão do agressor que o avô poderia sair para rua agora. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo, nesta quarta-feira (19). A jovem era violentada sexualmente desde os seis anos de idade, ela segue internada no hospital do Recife onde fez um aborto “Ainda bem, porque o vovô pode sair para a rua agora”, disse.

De acordo com o jornal, a garota tinha medo que o tio matasse o avô. Era sob essa ameaça que não revelava a violência que sofria para ninguém. O relato foi feito pela avó para Paula Viana, enfermeira e coordenadora do Grupo Curumim, parceiro do programa Pró-Marias, de atendimento às vítimas de violência desde 1996, dentro do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), da Universidade de Pernambuco.

A neta é criada pela avó desde que tinha 27 dias, e muitas vezes a chama de mãe. Vendedora ambulante de bebidas na praia, a avó disse que “perdeu o chão” ao saber dos estupros. Contou que sofreu pressão para que a menina levasse a gravidez à frente e colocasse o bebê para adoção. “É claro que eu criaria, mas minha filha estava em risco”, explicou para a enfermeira. Segundo médicos, havia risco de morte caso a gestação não fosse interrompida.

A profissional de saúde esteve com a menina desde que ela chegou ao aeroporto do Recife, no domingo (16), trazendo consigo um sapo e uma girafa de pelúcia. Para ir até o hospital, cercado por manifestantes contrários ao aborto, precisou entrar no porta-malas de uma minivan Doblò.

Ainda conforme a publicação, a enfermeira acredita que a menina não tenha ouvido os gritos de “assassina” na chegada, mas não foi possível proteger a criança de um médico do próprio hospital que conseguiu acessar o quarto na noite de domingo para constrangê-la, com detalhes gráficos do procedimento e questionando a decisão dela e da avó.

Antes da interrupção da gravidez, a menina tinha o semblante sério, fechado. Não reclamou de exames e injeções e aguentou firme a dor do aborto. Mas, segundo Viana, nesta terça-feira (18), sua expressão mudou. “Ela estava com uma cara de alívio, completamente diferente. Mais solta, me olhou radiante mostrando os presentes que ganhou”, disse.

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