Cidades


Trabalhadores do Monitora Aju denunciam falta de EPIs após caso de covid-19 na equipe


Publicado 29 de abril de 2020 às 12:30     Por Dhenef Andrade     Foto Sergio Silva / Prefeitura de Aracaju

Profissionais da Saúde alocados no Monitora Aju, serviço de teleatendimento feito pela prefeitura de Aracaju para orientar e monitorar casos suspeitos de covid-19, denunciaram suposta falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) desde a confirmação do primeiro caso da doença na equipe, na última segunda-feira (20). Segundo a denúncia, os trabalhadores também reclamaram que não foram feitos testes para detecção do vírus nos profissionais. O receio é que no grupo tenha algum trabalhador assintomático.

Em entrevista ao AjuNews, a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe (Sees), Shirley Morales, disse que embora seja realizado por profissionais da saúde, a prefeitura alega que o serviço é administrativo e se baseia na nota técnica 04/2020, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para não fornecer material de proteção aos servidores.

“Esta nota tem sido combatida por diversas entidades nacionais e comunidades científicas porque ela traz um risco muito grande ao fazer algumas orientações. Algumas delas seriam a não necessidade do EPIs nesses locais e a testagem de profissionais para covid-19 apenas se apresentarem sintomas”, explicou a presidente que também afirmou que Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não fornece nem mesmo as máscaras, consideradas, de acordo com ela, barreiras físicas e não EPIs, durante o trabalho.

Shirley acrescentou ainda que o fornecimento de testes para o covid-19 para profissionais da Saúde em Aracaju é burocrático. “A testagem não é fornecida como estão anunciando, só faz testagem quem apresenta sintomas. Nesse caso, o profissional é afastado e entra em uma fila de espera para ter acesso a essa testagem. Então, em Aracaju, esse processo nas Unidades de Saúde ainda não foi regulamentado, não segue um padrão de fluxo. Começa então essa peregrinação do profissional da saúde. Alguns adotam a medida de adquirir de forma particular o direito a testagem porque ele precisa garantir, como forma de proteger sua família, se está ou não com o vírus. Mas o fato é que a secretaria disse que não iria testar”.

Para a presidente existe grande possibilidade de trabalhadores terem sido contaminados e não apresentarem sintomas, transmitindo o vírus para mais pessoas. Outras categorias, como o Sindicato de Nutricionistas e Técnicos em Nutrição (Sindinutrise) e o Sindicato dos Trabalhadores Fisioterapeutas de Aracaju (Sintrafa), receberam as mesmas denúncias e cobram medidas de proteção aos profissionais.

Em notificação extrajudicial encaminhada à SMS, na última quinta-feira (23), a Central Única dos Trabalhadores (Cut) e o Sindinutrise pedem uma série de medidas que a Secretaria deve adotar para garantir a proteção dos servidores do Monitora Aju. Entre elas, a testagem de todos os profissionais da saúde que laboram no local e o afastamento do trabalho de pessoas que se encontram no grupo de risco para a covid-19. Caso não sejam atendidas, representantes das categorias afirmam que Ministério Público de Sergipe (MP-SE) será acionado.

Outro lado
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Aracaju, por meio de sua assessoria, informou que segue as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que orienta que todos os EPIs devem ser destinados para os profissionais que estão em contato direto com os pacientes. A gestão municipal alega que devido à escassez deste tipo de material, governantes devem garantir primeiramente a saúde dos responsáveis pelo atendimento direto aos infectados pela covid-19.

Sobre a profissional diagnosticada com a doença, o Município informa que a mesma apresentou sintomas durante o feriado da Semana Santa e foi isolada prontamente. Ainda segundo a prefeitura, a mulher não teve contato com nenhum outro profissional da SMS após o surgimento do quadro sintomático e complementa que continua a aplicação dos testes para detecção da covid-19 seguindo protocolos determinados pelo Ministério da Saúde.



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