Política


Ala militar começa a rever apoio a permanência de Mandetta


Publicado 13 de abril de 2020 às 18:36     Por Dhenef Andrade     Foto Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Ministros da ala militar que convenceram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a permanência de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde começam a rever seus posicionamentos. Reviravolta acontece após, em entrevista exibida no domingo (12) pelo Fantástico, Mandetta dizer que o governo precisa ter um discurso unificado no combate ao novo coronavírus (covid-19). As informações são do jornal O Globo, publicadas nesta segunda-feira (13).

Na avaliação de parte dos militares do Planalto, as declarações do ministro foram vistas como provocação, “covardia” e “molecagem” ao criticar publicamente Bolsonaro. Durante a entrevista exibida, Mandetta fez questão de criticar governantes que estão afrouxando as regras de isolamento e mencionou pessoas que frequentam “padarias”. Na última semana, o presidente circulou por Brasília, entrando em farmácia, padarias e cumprimentou apoiadores nas ruas.

“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, grudadas, pessoas fazendo piquenique em parque, isso é claramente uma coisa equivocada”, afirmou o ministro da Saúde na entrevista.

Aliados do presidente também estariam incomodado com a presença do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), durante a entrevista, realizada dentro do Palácio das Esmeraldas. Caiado rompeu com Bolsonaro há duas semanas após o presidente pedir o fim do isolamento em um pronunciamento. Assessores de Bolsonaro veem influência de Caiado nas declarações de Mandetta.

Principal conselheiro de Bolsonaro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, avaliou a necessidade de avaliar repercussão das declarações dadas antes de decidir sobre a permanência de Mandetta, afirmam seus aliados. Segundo interlocutores, Heleno ponderou que apesar das provocações sobre a “visita a padaria” e o “discurso unificado”, Mandetta repetiu as mesmas recomendações que já vinha fazendo para que a população fique em casa em isolamento.

Ao deixar o Palácio da Alvorada, na manhã desta segunda, Bolsonaro deu sinais que vai esperar para ouvir seus conselheiros. Questionado sobre a entrevista do ministro, o presidente limitou-se a dizer que não assistiu.



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