A enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Adriana Góis, denunciou uma série de dificuldades enfrentadas por profissionais que trabalham no combate ao novo coronavírus em Sergipe. O relato foi publicado pela delegada e pré-candidata à prefeitura de Aracaju, Danielle Garcia, nesta quarta-feira (6).

“Dentro dos hospitais e do Samu, a gente precisa de EPIs [equipamentos de proteção individual]. A gente precisa ser protegido e o estado e o poder público precisam garantir que a gente seja protegido. Porque quando a gente não estiver na linha de frente, a nossa frente vai estar completamente aberta, e aí, infelizmente, a  gente só pode lamentar”, contou.

Em seu relato, a enfermeira explicou que um paciente de covid-19 pode infectar mais dez. “É exponencial, um contamina quatro, esse quatro contamina mais quatro. A projeção não é aritmética, mas sim geométrica. Esse número que está sendo divulgada pelo estado são dos pacientes que chegaram até a unidade de saúde, ao hospital e conseguiram ser testados. Mas a grande massa não é testada, então eu colocaria quatro vezes pelos menos esse número. Esse número não é um número real. A gente tem uma quantidade imensa”, alertou.

Ainda de acordo com Adriana, vários profissionais da Saúde em Sergipe estão contaminados. “Se for testar os profissionais da saúde, esses já estão positivos e entraram na estatística, mesmo que sejam assintomáticos. Eles deveriam ser testados mas só é testado paciente grave que entra em alguma dificuldade respiratória e vai para o hospital”, detalhou.

A profissional revelou também que as medidas padronizadas indicadas pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não são feitas pela prefeitura de Aracaju e pelo Governo de Sergipe. “Não tem ocorrido [testagem em massa] aqui no Estado e nem no Município. A gente vê que uma das categorias que deveriam ser prioridades para o teste são os profissionais de saúde, que tem uma imensa dificuldade”.

E, continua: “[Os profissionais da Saúde] não são testados com uma certa frequência porque, inicialmente, pode dar negativo, mas a gente têm casos de falsos negativos aqui no Estado. Esse profissional que está exposto o tempo todo precisam ser testados mais de uma vez. A gente já vê que isso não ocorre”.

A enfermeira ainda chamou atenção para uma situação grave que acontece no Hospital Zona Sul, no Augusto Franco. “Os colegas que deveriam estar protegidos, equipados, paramentados porque irão lidar com pacientes potencialmente suspeitos e positivos, pacientes graves que precisam de intubação de procedimentos invasivos com liberação de aerossóis, estes precisam estar com EPIs do início ao fim do seu plantão, e não é disposto”. Segundo ela, os equipamentos são utilizados somente em caso de um procedimento invasivo, como uma entubação, para poupar o kit.

Adriana ressaltou que esses profissionais retornam para suas casas e acabam contaminando suas famílias. “Os que são testados como suspeito continuam na escala e os outros numa escala comum. Não são colocados de quarentena como deveria ser. A gente já teve caso do colega estar de plantão ontem, e hoje sair o resultado positivo”.

Servidores infectados

Pelo menos 56 servidores estaduais que trabalham na área da Saúde foram contaminados pelo novo coronavírus (covid-19), em Sergipe, de acordo com a presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), deputada Janier Mota (PR). Procurada pelo AjuNews, a Secretaria do Estado da Saúde (SES) informou que vai contratar mais profissionais. De acordo com a pasta, enquanto isso, os profissionais que testaram positivo estão cumprindo o período de isolamento como determina a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS).

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