Saúde


“Esse ano é praticamente impossível vacinar pessoas comuns”, diz cientista sobre vacina contra covid-19


Publicado 23 de agosto de 2020 às 16:00     Por Roberta Cesar     Foto Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O cientista baiano Gustavo Cabral afirmou que esse ano é praticamente impossível conseguir vacinar pessoas comuns contra o novo coronavírus (covid-19). A declaração foi dada durante a participação dele no programa Caldeirão do Huck, da TV Globo, neste sábado (22).

“Na minha opinião, esse ano, seguindo todos o padrões (de pesquisa), para pessoas comuns é praticamente impossível”, frisou o cientista. Gustavo fez pós-graduação na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e é líder da pesquisa brasileira sobre a produção da vacina inglesa contra a covid-19. Ele explicou que é preciso cuidados antes de liberar uma nova vacina.

Para conseguir que a vacina seja aprovada, é necessário completar a fase 3 dos estudos. “Nessa fase, precisamos utilizar milhares de pessoas em um teste que deve seguir duas situações: ser randomizado (escolher aleatoriamente quem recebe a vacina ou placebo) e duplo-cego (nem o médico nem os voluntários sabem quem tomou a vacina ou placebo), pois aí não tem interferência humana nenhuma (nos resultados)”, ressaltou.

O cientista alertou para os riscos de encurtar o tempo de acompanhamento da substância para conseguir evidenciar se de fato é uma imunização segura ou não. Geralmente, o tempo mínimo para obter essa resposta é um ano de estudos. “Claro que vão encurtar (o prazo), mas isso é perigoso não só pela questão dos efeitos colaterais, mas por outro fator bem básico que as pessoas não pensam: ‘E se a vacina não funcionar’?”.

Ao ser questionado sobre a aceleração para os resultados da vacina por questões sociais e políticas, o cientista destacou que as análises estão mais aceleradas do que deviam. “Os EUA [Estados Unidos], por exemplo, já aceitam que a vacina seja licenciada com apenas 50% de proteção. Mas com 50%, pode ser que a imunização funcione em você e não em mim”.

Gustavo ainda completou dizendo: “Eu espero, de coração, estar totalmente errado. Espero ter uma vacina 100% eficiente o mais breve possível. Mas, cientificamente falando, esse ano não devemos contar com uma vacina”, finalizou.



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