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Quésia Souza, travesti e artista sergipana, revela processo de criação de primeiro single: ‘É sobre se assumir, se amar’


Publicado 30 de agosto de 2021 às 20:20     Por Dhenef Andrade e Peu Moraes     Foto Divulgação

A artista sergipana, Quesia Souza, de 25 anos, anunciou o lançamento da sua estreia no cenário musical com a autoral “Ame sua travesti”, nesta segunda-feira (30), dia em que também comemora seu aniversário. “Quem ganha o presente são vocês”, brincou ela. Em conversa com o Ajunews, a travesti que também é modelo fotográfica, atriz e mestre de cerimônias, relatou o processo de criação do single que será lançado oficialmente na próxima sexta-feira (3).

“Eu escrevi a música após o final do meu casamento e dentro desse relacionamento houve algumas coisas, inclusive a questão de não querer me assumir pro mundo, né. O fato de eu ser uma travesti inibia e inibe outros homens de se relacionarem com as travestis”, revela.

Quésia também acrescenta que escreveu os versos de uma vez. “Eu já escrevia músicas, poesias e surgiu a oportunidade na minha cabeça de escrever essa música. Sentei, ouvi o instrumental, que não é o mesmo que está na versão final, e escrevi em uma sentada”, comenta. “Fazer música é isso, você senta, escuta o instrumental e vai surgindo palavras, relembrando momentos”.

A cantora também revela que foi resistente à ideia de lançar o trabalho. “Porque eu tinha medo do que as pessoas vão achar. Além de ser uma crítica aos homens é um recado também. Ame as travestis, elas são dignas de afeto, de amor, de serem assumidas publicamente e socialmente. É sobre assumir, não se intimidar e amar aquela travesti que está ali como companheira daquela pessoa”, afirma ao mandar o recado: “Não se intimide, ame sua travesti”.

A música contou com a produção de DRY, produtora musical independente que incentivou Quésia a lançar o trabalho experimental. “Acabou não rolando de lançar no início do ano, mas agora vai sair. Apesar de estar muito feliz, eu só disse ‘vai ser’, vou botar sem esperança de nenhum retorno, porque infelizmente é isso”, lamenta ela que acrescentou que representa a identidade de gênero que é mais assassinada no Brasil, líder do ranking de países que mais mata travestis. “Então quem é que vai ouvir minha música”, conta.

A artista revela que já tem um clipe em mente, mas que falta de apoio inviabilizou o lançamento conjunto com a música. “Infelizmente os artistas independentes sergipanos não tem apoio. Principalmente que enquanto uma travesti preta, gorda, periférica, que não tem acesso a algumas coisas. Hoje que tenho mais de 10k [no Instagram], mas isso não quer dizer que eu tenha acesso à saúde ou a uma ajuda financeira para fazer um clipe. Se as pessoas pudessem chegar junto comigo para isso ia ser um momento ainda mais lindo do que está sendo”.

Agora, com o primeiro trabalho às vésperas do lançamento, Quésia pretende focar com ‘força total’ e esperar o feedback do público para pensar nos próximos projeto. “Vou ver se consigo parcerias, que acreditem no meu trabalho para que eu possa fazer o clipe, mesmo que seja pequeno. Em um futuro bem próximo tem feats. com artistas sergipanos. Fiz parcerias e vem muita coisa boa por aí, principalmente no ramo musical, mas também em outros ramos, porque sou múltipla, o que eu puder fazer, onde puder me inserir, eu vou”.

Por fim, Quésia acrescenta que primeiro single passa várias perspectivas sobre a temática do respeito ao público que representa à sociedade. “‘Ame sua travesti’ é uma mistura de educação, de um momento que eu passei e um recado para a sociedade como um todo”.

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