Cultura


Cancelamento dos festejos juninos afetou mais de 15 mil músicos sergipanos


Publicado 24 de junho de 2020 às 06:00     Por Larissa Barros     Foto Larissa Barros / AjuNews

A não realização dos festejos juninos em Sergipe por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19) deixou mais de 500 segmentos que trabalham neste período no prejuízo. A informação é do presidente do sindicato dos Músicos do Estado de Sergipe (Sindmuse), Tônico Saraiva, que conversou com o AjuNews e revelou que alguns artistas estão sobrevivendo através de doações.

De acordo com Saraiva, ao menos 90% dos músicos sergipanos estão parados por causa do isolamento social e suspensão das atividades culturais. “São mais de 15 mil músicos no estado de Sergipe que trabalham quando tem espaço para trabalhar nos municípios”, explica.

Segundo o presidente da associação, por causa da suspensão dos eventos o sindicato resolveu fazer um projeto para arrecadar doações para os músicos afetados. A campanha SOS Músicos de Sergipe arrecada alimentos para criação de cestas básicas que, de acordo com Saraiva, são distribuídas aos artistas locais.

Ainda segundo Tonico, a associação dos músicos pediu ao estado a ajuda com a distribuição de cestas básicas à classe cultural prejudica com a não realização das festas. “O governo de Sergipe não deu resposta nenhuma em termo da nossa solicitação”, relata.

Relato de artistas
Durante os 36 anos de carreira, o forrozeiro Jailson do Acordeon, natural do município de Propriá, no Baixo São Francisco sergipano, nunca havia imaginado que os festejos juninos do Nordeste seriam cancelados, e que os forrozeiros seriam tão prejudicados.

“O setor cultural como todos os outros dessa cadeia sofreu e está sofrendo muito com essa pandemia, porque nós fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar”, disse Jailson.

Para o cantor, como o setor cultural não faz parte dos serviços essenciais durante a pandemia, a categoria vai sentir as consequências por muito tempo. “Porque a diversão e a cultura é uma coisa secundária. Por isso a gente vai sofrer muito. A gente trabalha dois meses e fatura praticamente o ano inteiro em cima desses dois meses. Como não houve nada nesses dois meses, é como se nossa safra fosse perdida”, lamentou.

Para contornar os problemas causados pela pandemia, muitos cantores estão realizando shows virtuais para arrecadar doações. Para o artista, a modalidade não tem dado retorno positivo.

“A gente faz uma live, gasta para fazer, investe e só a troco de alimento. Tem live que rende umas doações, mas são doações que muitas vezes não cobre nem a despesa que ela gerou. Então a live não é nem uma opção para substituir os festejos, não tem nem como comparar”, explicou o cantor.

Já o sanfoneiro com mais de 40 anos de carreira, Erivaldo de Carira, que costumava realizar em torno de 10 a 15 shows, avalia que a modalidade é uma forma de arrecadar alimentos e dinheiro. “Os artistas estão fazendo de tudo, para poder levar alegria para as pessoas, por meio das lives que está tendo”.

Segundo o cantor, o impacto da não realização das festas será muito grande, tanto para cultura, que não vai poder ser manifestada nas ruas, quanto para economia, pois os músicos estão acostumados com a renda do São João. No entanto, com os shows virtuais é possível levar o ritmo dos festejos mesmo durante a pandemia.

“Além de levar diversão para a sociedade, ajuda aos outros artistas também com arrecadação de alimentos e dinheiro”, concluiu o sanfoneiro.



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