Educação


“EAD não pode ser feita de qualquer modo”, avalia pró-reitor da UFS sobre retomada de aulas


Publicado 18 de maio de 2020 às 14:00     Por Larissa Barros     Foto Divulgação

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) analisa a possível retomada das atividades para alunos da graduação. Em entrevista ao AjuNews, o pró-reitor de Graduação (Prograd), Dilton Maynard, afirmou que apesar da modalidade de Ensino à Distância (EAD) ser proveitosa, a implementação durante a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) não pode ser “feita de qualquer modo”.

De acordo com o pró-reitor, apenas 5% das 3.600 turmas do período 2019.2 não foram concluídas por causa da suspensão das aulas após aumento do número de casos da covid-19. Foram afetadas disciplinas de caráter prático, com atividades em laboratório ou campo.

“Nosso planejamento passa pela ideia de que, qualquer que seja a modalidade escolhida, devemos contemplar toda a comunidade. Do aluno surdo, com baixa visão até aquele que é pobre e sem computador. Não podemos excluir ninguém”, avaliou Dilton Maynard.

As aulas presenciais na UFS foram suspensas no 16 de março, e a medida abrange tanto o Colégio de Aplicação, cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu e lato sensu.

Docentes
Procurada pela reportagem, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs) afirmou que é completamente contra a possibilidade de ensino remoto, e um dos motivos é justamente a falta de estrutura para que haja a realização desse processo.

Segundo o vice presidente da Adufs, Saulo Henrique Silva, adotar o EAD seria uma injustiça, principalmente, no atual momento da pandemia, pois estariam penalizando os estudantes com menos condições financeiras.

“Será que esses estudantes de diversos níveis do colégio de aplicação, graduação e cursos de pró-graduação, estudantes, discentes, alunos e alunas, têm condições de fato, materiais, ferramentas, acesso à internet de boa qualidade e computador para acompanhar esses cursos de forma virtual? Isso é possível? O que nós percebemos que na verdade não existe essa possibilidade de que aqueles que têm direito, que estão matriculados, possam acompanhar cursos remotos”, disse Saulo Henrique.

Atualmente, apenas 6 das 69 Universidades federais do Brasil adotaram o EAD durante à pandemia. Enquanto isso, cerca de 962 mil alunos, estão com as aulas suspensas como medida para contenção do avanço do novo coronavírus.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a flexibilização temporária do ensino à distância foi uma das primeiras decisões tomadas pelo Comitê Operativo de Emergência da pasta com o objetivo de diminuir os efeitos da pandemia no ambiente escolar.

No entanto, para a Adufs, todos os cursos que são presenciais na universidade e possuem em seu plano pedagógico a definição de cursos presenciais precisam ser realizados de maneira presencial.

“A Adufs defende isso, inicialmente, como uma questão formal das regras que regem esses cursos. Não tem como alterar”, afirmou o vice-presidente da associação.

Estudantes
Para o integrante do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conepe) e estudante de Letras Vernáculas, Daniel Silva, apesar de saber que haverá um atraso na vida acadêmica dos alunos da UFS, a entidade estudantil é contra a adoção do ensino remoto.

“A gente sabe que essa proposta é falha a partir do momento que muitos estudantes não possuem uma boa conexão de internet e computador em casa”, disse Daniel Silva.

Ainda de acordo com o representante estudantil, a quarentena gera a quebra da rotina de estudos, assim como a descontinuidade da aprendizagem. Especialmente, para aqueles que não tem acesso aos livros e materiais para tentar a estudar o suficiente em casa.

“Os estudantes precisam num momento de pandemia, cuidar da sua saúde mental e física e da sua família”, concluiu o conselheiro.



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