Economia
Pix pode ficar fora do ar devido a greve de servidores do Banco Central
A greve geral dos servidores do Banco Central, ocasionada devido à falta de perspectiva de reajuste salarial e sem resposta do governo para acordo, está programada para iniciar na próxima sexta-feira (1º), e ainda sem previsão de encerramento, pode deixar o Pix fora do ar.
O pix é um serviço que transfere dinheiro entre bancos de forma instantânea e gratuita 24 horas, incluindo finais de semana e feriados. Devido a greve, as transferências e outros serviços relacionados ao Pix serão afetados, como a manutenção para evitar invasões hackers, atendimento de respostas ao público sobre o serviço e para solucionar dúvidas e contatos diretos com bancos.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, com a adesão majoritária dos funcionários do BC à paralisação, os servidores que operam os serviços terão funcionamento prejudicado.
“Ou seja, o sistema do Pix vai sofrer um aumento do risco operacional porque esse monitoramento não vai ser feito, e o atendimento ao público e o atendimento aos bancos para dar resposta sobre a questão do Pix, alguma manutenção do sistema, tudo isso vai estar parado. Vai deixar mais risco para o sistema e em alguns momentos, ele vai ter que parar, porque não vai dar conta”, explicou Faiad.
Serviços como a divulgação de relatórios com índices econômicos também serão atingidos pela paralisação. Um dos exemplos é o Boletim Focus, que traz uma análise sobre as expectativas do mercado financeiro toda segunda-feira. Está é pelo menos a segunda semana que o documento tem sido divulgado com atraso.
Em nota publicada nesta terça-feira (29), o Banco Central informou que tem planos de contingência para manter o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, tais como STR, Pix, Selic, entre outros. Acrescentou que “reconhece o direito dos servidores de promoverem manifestações organizadas” e que “confia na histórica dedicação, qualidade e responsabilidade dos servidores e de seu compromisso com a instituição e com a sociedade”.
Mesmo a greve geral não ter começado formalmente, os servidores fazendo paralisações diárias entre 14h e 18h e começaram um movimento de renúncia a cargos de comissões que atuam em funções de gerências e assessoramento. A entrega dos cargos começou na segunda-feira (28) e já contou com 300 renúncias. O objetivo é ampliar para 500 saídas, de um total mil cargos comissionados.
A greve geral foi aprovada em assembleia com a participação de 1300 servidores ativos, de um total de 3400 da instituição. Dos presentes, 90% votaram a favor da paralisação. O objetivo é pressionar o governo federal a ampliar o reajuste salarial do funcionalismo público. Isso porque o Orçamento de 2022 reservou R$ 1,9 bilhão para aumentos salariais, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) já afirmou que pretende beneficiar apenas categorias policiais.
Além do reajuste salarial, os servidores do Banco Central cobram, também, uma reestruturação de carreiras de analistas e técnicos, em que afirmam não haver impacto financeiro.
O Sinal também exige uma reunião com um ministro do governo Bolsonaro para negociar um acordo. No último sábado (26), foi realizada uma reunião virtual com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que o sindicato classificou como um “fiasco” pela ausência de propostas.
Faiada ainda afirmou que pela resistência por parte do governo não resta outro caminho senão a greve. “Infelizmente, o governo não quis negociar e, por isso, os servidores tomaram a atitude da greve. Esperamos que até o dia 1º de abril haja uma proposta ou uma mesa de negociação para a gente evitar um mal maior. Contudo, se isso não acontecer, a greve por indeterminado será forte, com adesão imediata de mais de 60% dos servidores, com tendência a aumentar.”
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